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Somos um coletivo muito pequeno, mas logramos ter uma repercussão a nível estatal” 

por
Madison Hourihan, ati­vista da as­so­ci­a­çom Noia Limpa.

Madison Hourihan é original dos Estados Unidos, mas chegou à Galiza em 2021. Com formação em ciências ambientais, esta ativista de Noia Limpa, uma das primeiras entidades a dar a voz de alarme e dispor recolhidas em praias, fala em conversa com o Novas da Galiza sobre a importância da auto-organização local para restaurar espaços naturais e defendê-los da contaminação. A sua experiência no coletivo nasce, explica, a partir de presenciar o deterioro do meio na sua vila natal. Contra o desastre natural, Hourihan colabora na divulgação, conscientização e trabalho de campo.

Como nas­ceu Noia Limpa?
Noia Limpa fun­dou-se há dois anos. Duas das fun­da­do­ras e eu co­me­ça­mos a fa­zer en­con­tros amis­to­sos por­que tí­nha­mos mui­tos in­te­res­ses em co­mum. Vimos nos nos­sos pas­seios que ha­via muito lixo nos ca­mi­nhos, na costa… Assim é que co­me­ça­mos de ma­neira in­for­mal a le­var sa­cos e lim­par as bei­ras dos rios. Somos uma as­so­ci­a­ção lo­cal, com muita co­ne­xão com o ma­ris­queio. Eu sou dos Estados Unidos e a mi­nha vila já está ar­rui­nada, as­sim é que sei o que se passa se não cui­da­mos o meio.

Como foi a de­te­ção dos ver­ti­dos de ‘pel­lets’?
Foi gra­ças aos nos­sos per­fis em re­des so­ci­ais, que são muito ati­vos. Estamos em con­tato com mui­tas pes­soas, cen­tros edu­ca­ti­vos… Enviaram-nos vi­deos e fo­tos des­sas bol­sas nas praias e co­me­ça­mos a nos pre­o­cu­par. Somos uma as­so­ci­a­ção muito pe­quena, mas fo­mos ca­pa­zes de ter uma re­per­cus­são a ní­vel estatal.

Qual foi a atu­a­ção de Noia Limpa?
O nosso la­bor foi di­vul­gar que exis­tiam es­tes ver­ti­dos, di­fun­dindo to­das as evi­dên­cias grá­fi­cas que re­ce­be­mos e fa­zendo um cha­ma­mento às ad­mi­nis­tra­ções lo­cais para atuar. Era com­plexo por­que coin­ci­diu com o Natal, mas funcionou.

E agora?
Logramos que hou­vesse foco de aten­ção me­diá­tica e que co­me­ças­sem la­bo­res de lim­peza. Paralelamente, ela­bo­ra­mos um mapa com in­for­ma­ção so­bre as praias nas que apa­re­cem ‘pel­lets’, que es­tão cada vez mais dis­per­sos. Nós con­ti­nu­a­mos com as ati­vi­da­des, mas sa­be­mos que não po­de­mos fa­zer tudo. Por mais que nos en­cha o co­ra­ção ver as pes­soas nas praias não po­de­mos de­pen­der só do vo­lun­ta­rismo: pre­ci­sa­mos uma ac­ção or­ga­ni­zada, pro­fis­si­o­nal, rá­pida e com mui­tos mais meios e pes­soal. Isto leva-nos tam­bém a si­na­lar a ne­ces­si­dade de mu­dar a le­gis­la­ção a ní­vel eu­ro­peio, para ca­te­go­rizá-los como mer­can­cia perigosa.

“Não po­de­mos de­pen­der só do voluntarismo”

Qual é a res­posta ins­ti­tu­ci­o­nal que de­te­tas­tes?
Nós não te­mos um mo­tivo po­lí­tico, por­que fun­ci­o­na­mos a um ní­vel muito lo­cal (Noia, Porto d’Ozom…). Criamos um mapa com a si­tu­a­ção de praias e pon­tos nos que apa­re­ce­ram ‘pel­lets’, que foi en­vi­ado aos Concelhos e ou­tras associações.

E a ní­vel po­pu­lar?
Surpreendeu-nos mui­tís­simo a res­posta da gente. Em Noia o ge­ral das pes­soas não sa­biam nada dos ‘pel­lets’, mas uma vez saiu na te­le­vi­são foi um as­censo im­pa­rá­vel. A gente co­me­çou a auto-or­ga­ni­zar-se por Telegram e WhatsApp. É in­crí­vel e emo­tivo a mo­bi­li­za­ção que pre­sen­ci­a­mos para de­fen­der o nosso. Vimos pes­soas de Lugo ou de Ourense vi­a­jar até aqui para apa­nhar nos micro-plásticos.

Existe um mé­todo mais efi­ci­ente para apa­nhar os pel­lets?
Agora aca­bam de en­viar-nos um in­vento cha­mado ‘car­re­cri’, de uma em­presa de Girona, que é um car­ri­nho de mão com um sis­tema elé­trico de cri­bado que fun­ci­ona bem. Porém, re­co­lher os ‘pel­lets’ sem da­ni­fi­car o meio é um tra­ba­lho muito di­fí­cil. Nós te­mos um mé­todo muito ar­te­sa­nal, com ca­pa­chos cheios de água, peneiras…

Qual é a vossa área de atu­a­ção atu­al­mente, qual a vossa pre­vi­são a fu­turo?
Desde Noia Limpa pre­ten­de­mos con­ti­nuar com as mes­mas me­tas. Para nós o pri­meiro, prin­ci­pal e mais útil se­ria mo­di­fi­car os há­bi­tos da po­pu­la­ção para re­du­zir o con­sumo de plás­ti­cos, e não cen­trar-se tanto em re­co­lhe-los. Por isso, as nos­sas ações pas­sam por cons­ci­en­ti­zar da im­por­tân­cia de cui­dar e pro­te­ger o meio com os nos­sos atos diários.

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