Resgatar o monte com todo o seu valor, tangível e intangível, devolvê-lo para a comunidade de onde nunca deveu sair. Falamos com Alberto Covelo, da Comunidade de Montes de Víncios, em Gondomar, onde muitas maos constroem futuro, economia, consciência, tradiçom e alternativas.
Como concebedes o monte?
Como um ente vivo. Seguimos um plano de ordenaçom com os usos que nele se estabeleciam tendo em conta os seus valores naturais, culturais e sociais para a conversom num monte multifuncional.
Que projetos desenvolvedes?
Um exemplo é o eucaliptal, que transformamos numha castanheira após os lumes de 2006, umha investigaçom da Universidade de Vigo para eliminar o eucalipto mudando a espécie e cuja parcela está gerida pola comunidade. Há projetos com outras Comunidades de Montes ou o projeto pecuário que converteu um eucaliptal num pasteiro. Todo está recolhido no web Cartografías sensibles.
Um trabalho que se defendeu dos eólicos e minaria…
Víncios nom se livrou destas ameaças. Primeiro foi a permissom de investigaçom mineira que afetava à zona de maior concentraçom arqueológica. A oposiçom da Comunidade de Montes, vizinhança, grupos políticos e Concelho chegou ao Parlamento Europeu. Afortunadamente a Junta declarou a prevalência do monte. Depois véu o parque eólico do Galinheiro após um incêndio. A Comunidade de Montes nom está em contra dos eólicos mas nom devem ser instalados em qualquer lugar, por isso opugemo-nos junto a vizinhança e a Plataforma Pola Protección da Serra do Galiñeiro.
Chega o lume o mês passado…
Vivemos este incêndio com raiva contida ao ter que deixar arder o monte para frenar o lume que se achegava para as casas e por ver o trabalho de muitos anos queimado. Afetou-lhe à totalidade do monte vizinhar.
Que há detrás dos lumes?
Nom acreditamos numha trama de “terrorismo incendiário” como di o Governo da Junta e o central mas estamos convencidas de que o que sempre traz o lume é o negócio (empresas florestais e extinçom, Ence, mudança de cultivo, campos de golfe, eólicos, minas…) e que os governos o estám a favorecer.
Que fazer após os lumes?
Como comunidade temos que começar de zero e recuperar um monte multifuncional como o que tínhamos. Faremos um novo plano de ordenaçom mas agora estamos com reunions com a administraçom, mancomunidade, etc… para afrontar a situaçom. Os primeiros passos serám paliar a erosom do solo e ver que fazer com a madeira queimada e a que sobreviveu. As administraçons deveriam procurar outro modelo de ordenaçom dos montes.
O monte foi sinónimo de riqueza, trabalho, organizaçom… Como transmitir esses valores para as novas geraçons?
Com as grandes plantaçons feitas polo Icona expulsou-se a gente e muita emigrou. O valor do monte está escassamente tratado nas escolas e deveria-se consciencializar as crianças. Da comunidade promovemos a participaçom mediante assembleias mas há pouca mocidade implicada. Apostamos por trabalhar nos centros de ensino para ter futuras comuneiras.