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Todas as campanhas contra a violência machista da ‘Xunta’ revitimizam as mulheres”

por
Sabela Pérez Martín, in­ves­ti­ga­dora no Grupo de Estudos em Trabalho Social da Universidade de Vigo. | jose ló­pez otero

A investigadora Sabela Pérez Martín está a trabalhar no estudo da violência machista institucional, um campo que nom se tem colocado no foco do debate mediático e social. Pérez Martín ganhou em 2021 o galardom que a ‘Valedora do Pobo’ entrega aos melhores trabalhos com perspetiva de género polo seu TFG ‘Unha realidade silencida, Violencia machista institucional’. 

Na Galiza ainda nom foi de­sen­vol­vida a co­nhe­cida como ‘lei do só sim é sim’, so­bre­tudo se fa­la­mos nos cen­tros de acom­pa­nha­mento. Achas que há des­leixo por parte do go­verno ga­lego?
Os cen­tros de crise para a aten­çom in­te­gral 24 ho­ras a ví­ti­mas de vi­o­lên­cia se­xual de­ri­va­dos da lei do ‘só sim é sim’ eram umha ma­té­ria pen­dente do go­verno es­ta­tal desde há quase 10 anos, já que o con­vé­nio de Istambul de 2011 –que en­trou em vi­gor em 2014 as­si­nado polo Estado es­pa­nhol–, es­ta­be­lece a ne­ces­si­dade de abrir es­tes cen­tros de aten­çom in­te­gral. Depois de mais de 10 anos e do an­da­mento da nova lei, em todo o Estado es­pa­nhol só exis­tem qua­tro cen­tros dos 52 que de­ve­riam existir. 

Penso que existe um des­leixo, nom só por parte do go­verno ga­lego, mas do con­junto es­ta­tal. As me­di­das em ma­té­ria de igual­dade de gé­nero e con­tra a vi­o­lên­cia ma­chista pa­rece que sem­pre es­tám num se­gundo plano. Na Galiza, a ‘Xunta’ de­ci­diu li­ci­tar a ges­tom des­tes cen­tros, pri­va­ti­zando-os em lu­gar de to­mar as ré­deas da sua ges­tom, em li­nha com a sis­te­má­tica pri­va­ti­za­çom dos ser­vi­ços sociais. 

A tese que es­tás a de­sen­vol­ver versa so­bre a vi­o­lên­cia nas ins­ti­tui­çons. Julgas que está si­len­ci­ada esta forma de vi­o­lên­cia? Porque che in­te­res­sou apro­fun­dar nela?
A vi­o­lên­cia ma­chista ins­ti­tu­ci­o­nal ou se­xismo ins­ti­tu­ci­o­nal é umha re­a­li­dade que nom está re­co­nhe­cida no Estado es­pa­nhol. As úni­cas re­fe­rên­cias le­gis­la­ti­vas que re­co­nhe­cem esta forma de vi­o­lên­cia ma­chista som as leis au­to­nó­mi­cas da Catalunha e de Castela‑A Mancha. Portanto, em­bora a que o se­xismo ins­ti­tu­ci­o­nal, bem for por açom ou omis­som, é exer­cido cons­tan­te­mente con­tra as mu­lhe­res, existe um en­co­bri­mento do mesmo e isto nom é algo sem im­por­tân­cia, já que ‘o que nom é no­me­ado nom existe’ e para nom as­su­mir a sua res­pon­sa­bi­li­dade, os po­de­res pú­bli­cos ocul­tam-na. Esse des­leixo de que an­tes fa­lá­va­mos é umha omis­som da ad­mi­nis­tra­çom du­rante mais de 10 anos de um di­reito que te­mos as mu­lhe­res, por­tanto, é umha mos­tra de vi­o­lên­cia ins­ti­tu­ci­o­nal. Outra mais di­reta é a que en­fren­tam as mu­lhe­res que de­nun­ciam a sua si­tu­a­çom por parte dos agen­tes pro­fis­si­o­nais que in­ter­ve­nhen neste pro­cesso, como a falta de cré­dito no tes­te­mu­nho das mu­lhe­res, a aten­çom de­fi­ci­tá­ria, a falta de in­for­ma­çom e de­ri­va­mento aos re­cur­sos ade­qua­dos, a fa­lha na co­or­de­na­çom in­ter-ins­ti­tu­ci­o­nal etc. Estas for­mas de vi­o­lên­cia ins­ti­tu­ci­o­nal po­dem im­pli­car um grave risco para a se­gu­rança das mu­lhe­res e das suas cri­an­ças que mesmo po­dem ser as­sas­si­na­das, como já tem acon­te­cido em mui­tas ocasions. 

Por esta ra­zom de­ci­dim re­a­li­zar o meu TFG so­bre esta te­má­tica e con­ti­nuar a mi­nha tese de dou­to­ra­mento se­guindo esta li­nha de in­ves­ti­ga­çom, que, por ou­tra parte, nom está mui es­tu­dada ape­sar da sua importância. 

As me­di­das em ma­té­ria de igual­dade de gé­nero e con­tra a vi­o­lên­cia ma­chista pa­rece que sem­pre es­tám num se­gundo plano. 

O ano pas­sado foi fa­mosa a cam­pa­nha da ‘Xunta’ polo 25N que pu­nha o foco nas mu­lhe­res, com a men­sa­gem ‘non de­be­ría pa­sar, pero pasa’. Isto é vi­o­lên­cia ins­ti­tu­ci­o­nal?
De cer­teza. De facto, no pas­sado mês de no­vem­bro pu­bli­ca­mos um ar­tigo vin­cu­lado à mi­nha tese em que foi re­a­li­zada umha aná­lise de to­das as cam­pa­nhas con­tra a vi­o­lên­cia ma­chista de­sen­vol­vi­das pola ‘Xunta’ desde a sua cri­a­çom e os re­sul­ta­dos con­fir­man que, no seu con­junto, es­tas cam­pa­nhas re­vi­ti­mi­zan as mu­lhe­res já que ca­re­cem de pers­pe­tiva de gé­nero e intersecionalidade. 

A cam­pa­nha do 2022 re­pro­duz umha ima­gem es­te­re­o­ti­pada e nor­ma­tiva das mu­lhe­res, dos agres­so­res e da vi­o­lên­cia ma­chista em si pró­pria e cul­pa­bi­liza as mul­le­res da vi­o­lên­cia que vi­ve­mos me­di­ante a atri­bui­çom da res­pon­sa­bi­li­dade atra­vés das de­ci­sons que to­ma­mos. É umha cam­pa­nha que apela ao medo como um ins­tru­mento pre­ven­tivo que de­sem­po­dera as mu­lhe­res e exime os agres­so­res de responsabilidade. 

Pensas que as mu­lhe­res con­fiam nas ins­ti­tui­çons na hora de pro­tegê-las?
As mu­lhe­res, so­bre­tudo de­pois de ter en­fren­tado umha si­tu­a­çom de vi­o­lên­cia ins­ti­tu­ci­o­nal, per­dem a con­fi­ança nas ins­ti­tui­çons o que ge­nera mui­tas ve­zes a re­ti­rada da de­nún­cia, ou que nom acu­dam aos ser­vi­ços es­pe­ci­a­li­za­dos em aten­çom à vi­o­lên­cia ma­chista e, por­tanto, a sua re­cu­pe­ra­çom seja atra­sada ou nom se pro­duza, o que pode im­pli­car que re­gres­sem com o seu agres­sor ou o es­ta­be­le­ci­mento de no­vas re­la­çons de violência. 

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