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Tropeçar na mesma mina

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Quando a fins dos anos 80 a mina de co­bre de Sam Rafael, en­tre os con­ce­lhos de Touro e o Pino, anun­ciou o cesse de ati­vi­da­des, a vi­zi­nhança mo­bi­li­zou-se em de­fensa da mina e dos pos­tos de tra­ba­lho. Hoje a vi­zi­nhança volta mo­bi­li­zar-se mas, neste caso, con­tra a pos­sí­vel re­a­ber­tura da mina; como pre­tende a em­presa ti­tu­lar dos di­rei­tos, Cobres San Rafael S.L., com a co­la­bo­ra­çom da mul­ti­na­ci­o­nal Atalaya Mining.

Algo que a sim­ples vista pode pa­re­cer con­tra­di­tó­rio re­sulta, po­rém, muito ilus­tra­tivo para en­ten­der o ne­gó­cio mi­neiro: As mi­nas nas­cem com data de ca­du­ci­dade. Quando dei­xam de dar lu­cros ao pro­pri­e­tá­rio, fe­cham. Quer por­que o re­curso se es­gota, quer por­que o seu preço baixa até a sua ex­tra­çom dei­xar de ser ren­dí­vel, como o caso do co­bre de Sam Rafael nos anos 80. A mina mar­cha, mas as suas con­sequên­cias fi­cam: os tra­ba­lha­do­res lo­cais es­pe­ci­a­li­za­dos na mi­ne­ra­çom que fi­cam de­sem­pre­ga­dos, a po­lui­çom am­bi­en­tal, o im­pacto desta so­bre a saúde e qua­li­dade de vida, a al­te­ra­çom pro­funda da es­tru­tura eco­nó­mica lo­cal, a perda de ter­ras agrárias…

Os be­ne­fí­cios da mina com­pen­sam os seus cus­tos? Dependerá de a quem se lhe per­gunte. Para Alberto Lavandeira, con­se­lheiro de­le­gado de Atalaya Mining, que vai re­ce­ber os be­ne­fí­cios, pode que com­pense. Para a vi­zi­nhança de Touro e O Pino, que vai pa­gar os cus­tos, pa­rece que nom. Perante a de­ses­pe­ra­çom por falta de re­cur­sos eco­nó­mi­cos e sem po­lí­ti­cas de de­sen­vol­vi­mento lo­cal de nen­gum tipo que ofe­re­çam ou­tras al­ter­na­ti­vas, nom sur­pre­ende que haja quem poda ver com bons olhos a re­a­ber­tura da mina. Mas mesmo as­sim, umha co­mu­ni­dade lo­cal que guarda na me­mó­ria essa ex­pe­ri­ên­cia bem sabe que a in­dús­tria ex­tra­ti­vista tem mais de pro­blema do que de soluçom.

A mo­bi­li­za­çom so­cial con­tra a mina vai dando os seus fru­tos. Os go­ver­nos lo­cais de Touro e do Pino, am­bos go­ver­na­dos polo Partido Popular, já se ma­ni­fes­tam con­tra a re­a­ber­tura; ape­sar de a sua pos­tura ini­cial ser fa­vo­rá­vel à mesma. Porém, a Lei de Depredaçom apro­vada polo PP li­mita enor­me­mente a ca­pa­ci­dade de de­ci­som dos con­ce­lhos quando se tra­tar de pro­je­tos em­pre­sa­ri­ais de grande en­ver­ga­dura, como é o caso. Para evi­tar a re­pe­ti­çom da ca­tás­trofe, agora que se está a tempo, cum­pre man­ter e in­ten­si­fi­car a cam­pa­nha con­tra a mina.

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