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Um arsenal para perseguir a política nas ruas

por
uxía amigo

As iden­ti­fi­ca­çons sis­te­má­ti­cas e as san­çons eco­nó­mi­cas con­for­mam o grosso da atu­a­çom po­li­cial dos úl­ti­mos anos con­tra os mo­vi­men­tos so­ci­ais na Galiza. Analisado no trans­curso do tempo vê-se que boa parte das ati­vis­tas que re­cor­rem as san­çons aca­bam por se­rem ab­sol­vi­das e as iden­ti­fi­ca­çons fi­cam num pro­cesso in­ti­mi­da­tó­rio. Ainda que par­ti­lham ele­men­tos co­muns, cada mo­vi­mento so­cial en­frenta umha es­tra­té­gia re­pres­siva diferente.

Liberdade sin­di­cal em questom
Transcorriam as pri­mei­ras ho­ras da greve ge­ral de se­tem­bro de 2010 quando quinze agen­tes da po­lí­cia de­ti­vé­rom com vi­o­lên­cia cinco pes­soas em Lugo. O juízo nom che­ga­ria até no­vem­bro de 2017. As de­mo­ras dos pro­ces­sos ju­di­ci­ais con­ver­tem-se numha cons­tante que a miúdo ve­nhem acom­pa­nha­das de al­tas pe­ti­çons de pri­som por parte da Fiscalia. No caso da greve de 2010, a Fiscalia acu­sou as cinco pes­soas de re­a­li­za­rem pin­ta­das e a qua­tro so­mou-lhes o de­lito de aten­tado so­li­ci­tando 14 me­ses de pri­som. Hoje ainda aguar­dam a sentença.

À es­pera es­tám tam­bém os tra­ba­lha­do­res Carlos Rivas e Serafín Rodríguez, con­de­na­dos a três anos de pri­som por par­ti­ci­pa­rem num pi­quete du­rante umha greve do trans­porte em 2008. Ambos aguar­dam por um in­dulto que co­me­çou a tra­mi­tar-se em 2014. “O facto de le­va­rem qua­tro anos aguar­dando pola res­posta dum in­dulto deve-se fun­da­men­tal­mente a ten­tar me­ter medo e des­mo­bi­li­zar po­las pos­sí­veis con­sequên­cias”, des­taca Susana Méndez, se­cre­tá­ria con­fe­de­ral de or­ga­ni­za­çom da Confederaçom Intersindical Galega (CIG).

Carlos e Serafín, condenados por participarem num piquete durante umha greve do transporte em 2008, levam quatro anos à espera do indulto

Nesta li­nha, S. Méndez des­taca o caso de Xesús A. López Pintos, ex-se­cre­tá­rio co­mar­cal da CIG em Ferrol, que aguarda pola aper­tura de juízo oral do caso que ini­ciou como de­man­dante há seis anos. López Pintos de­nun­cia tor­tu­ras por parte dum agente da po­lí­cia na­ci­o­nal es­pa­nhola após a sua de­ten­çom em ou­tu­bro de 2012. “Houvo umha carga po­li­cial con­tra umha con­cen­tra­çom no con­texto da re­cons­tru­çom na­val onde foi agre­dido, de­tido, le­vado a co­mis­sá­ria, in­co­mu­ni­cado du­rante quase 24 ho­ras, gol­pe­ado e tor­tu­rado”, la­menta a sindicalista.

O mesmo agente de­nun­ci­ado exerce a acu­sa­çom par­ti­cu­lar no caso con­tra López Pintos em que, em base aos mes­mos fei­tos, é acu­sado dum de­lito de aten­tado com umha falta de le­sons para a que so­li­cita três anos de prisom.

Violência nas gre­ves gerais
As iden­ti­fi­ca­çons, per­se­gui­çons, ame­a­ças e san­çons a tra­ba­lha­do­ras mar­cam as atu­a­çons po­li­ci­ais con­tra o mo­vi­mento sin­di­cal, in­ten­si­fi­cando-se no marco das gre­ves ge­rais. Os me­ca­nis­mos re­pres­si­vos re­sul­tam evi­den­tes na greve ge­ral de 2011. A po­lí­cia iden­ti­fi­cou nu­me­ro­sas tra­ba­lha­do­ras, in­cluindo ins­pe­çons cor­po­rais e de veí­cu­los, per­se­guiu pi­que­tes e em vá­rias oca­si­ons car­re­gou con­tra as tra­ba­lha­do­ras sendo ne­ces­sá­ria a hos­pi­ta­li­za­çom de duas delas.

Nesta mesma greve, os agen­tes de­ti­vé­rom com vi­o­lên­cia qua­tro pes­soas que for­ma­vam parte dum pi­quete às que acu­sá­rom dos de­li­tos de da­nos e de agres­som à au­to­ri­dade. Também, a po­lí­cia iden­ti­fi­cou um ad­vo­gado, mem­bro dum dos pi­que­tes, que pe­dira aos agen­tes que se identificassem.

O mo­vi­mento sin­di­cal corre ris­cos desde o mo­mento que de­cide ques­ti­o­nar o sis­tema e de­cide com­batê-lo”, ex­pressa Ricardo Castro, se­cre­tá­rio-ge­ral da Central Unitária de Trabalhadores/as (CUT), para quem “as san­çons e de­li­tos au­men­tam na sua gra­vi­dade quanto maior é esse ques­ti­o­na­mento e grau de com­bate, in­flui tam­bém as si­glas que es­teiam de­trás das reivindicaçons”.

Agora há mais san­çons administrativas”

uxía amigo

Os úl­ti­mos da­dos pu­bli­ca­dos polo Observatório para a Defesa dos Direitos e Liberdades Esculca em que apa­rece a re­pres­som con­tra o mo­vi­mento sin­di­cal, os do 2017 e 2016, re­co­lhem so­bre todo san­çons eco­nó­mi­cas. Da CIG, Susana Méndez vincula‑o com a apli­ca­çom da Lei Mordaça, apro­vada em 2015, que per­mite umha maior am­pli­tude de san­çons pola via ad­mi­nis­tra­tiva. “Parece que se apre­senta com ca­rá­ter mais leve ou be­né­volo do que a via pe­nal, mas re­al­mente no di­reito ad­mi­nis­ta­tivo re­du­zem-se as ga­ran­tias por­que a ad­mi­nis­tra­çom atua como juiz e parte exis­tindo a pre­sun­çom de ve­ra­ci­dade por parte da autoridade”.

Para que as san­çons nom pro­vo­quem medo e pa­rá­lise en­tre as tra­ba­lha­do­ras, na CIG cen­tram-se no su­porte da or­ga­ni­za­çom ade­mais do as­se­so­ra­mento pré­vio e as­sim “ter essa ha­bi­li­dade de pro­cu­rar nom fa­zer cer­tas ati­vi­da­des ou mo­vi­men­tos que, ainda nom sendo de­li­ti­vos nem muito me­nos, po­dam fa­ci­li­tar a im­po­si­çom de san­çons ou acu­sa­çons por di­ver­sas questons”.

Da CUT, Ricardo Castro vê fun­da­men­tal si­tuar a es­tra­té­gia de re­pres­som no seu con­texto para com­bate-la com in­te­li­gen­cia co­le­tiva. Se existe umha greve num cen­tro de tra­ba­lho, a re­pres­som cen­trará-se “na com­pa­nheira ou com­pa­nheiro que des­ta­que na pro­testa e na parte mais dé­bil, como as con­tra­ta­das tem­po­rais para que lhes serva de exem­plo, mas se es­ta­mos numha greve ge­ral vam re­pri­mir à luita com­ba­tiva e de açons pró­prias”. Assim, Castro aposta em de­ter­mi­nar a di­re­çom dos ata­ques com o ob­je­tivo de es­tar pre­pa­ra­das e lui­tar con­tra eles.

Movimento es­tu­dan­til
Os abu­sos po­li­ci­ais con­tra o mo­vi­mento es­tu­dan­til re­co­lhi­dos por Esculca in­ten­si­fi­cam-se en­tre o 2012 e 2015, no marco das pro­tes­tas con­tra a Lei Orgánica para a me­lhora da qua­li­dade edu­ca­tiva (LOMCE).

No 2013, ano no que fica apro­vada a LOMCE, in­ten­si­fi­cam-se as ma­ni­fes­ta­çom e san­çons. Duas pes­soas mesmo re­ce­bem umha multa por ber­ra­rem ‘ver­go­nha me da­ria ser po­lí­cia’ após umha das protestas.

A imputaçom em cadeia dos delitos de desordens públicas, atentado, danos e lesons contra o estudantado começa a ver-se em 2014

A im­pu­ta­çom em ca­deia dos de­li­tos de de­sor­dens pú­bli­cas, aten­tado, da­nos e le­sons co­meça a ver-se em 2014. O 20 de fe­ve­reiro, onze pes­soas fô­rom acu­sa­das des­tes qua­tro de­li­tos e, em abril, o mesmo lhe ocor­re­ria a seis das es­tu­dan­tes que par­ti­ci­pam dumha ma­ni­fes­ta­çom so­li­dá­ria com as tra­ba­lha­do­ras do cerco.

Em fe­ve­reiro de 2015, sete es­tu­dan­tes fô­rom acu­sa­das de de­li­tos de aten­ta­dos con­tra a au­to­ri­dade, de­sor­dens pú­bli­cas, le­sons e da­nos no marco de umha das ma­ni­fes­ta­çons que ti­vé­rom lu­gar no 2012 con­tra a lei Wert. Duas fô­rom con­de­nas a dous anos de pri­som e umha ter­ceira pes­soa a 12 meses.

Do ati­vismo ju­ve­nil, Antía Balseiro, sus­tém que o mais co­mum é ser im­pu­tada por este tipo de de­li­tos de “ca­rá­ter ge­né­rico”. “Estám a ser fa­cil­mente im­pu­tá­veis, fa­ci­li­tando que as con­de­nas de­pen­dam cada vez mais da in­ter­pre­ta­çom e in­ten­çons de juí­zes e po­lí­cia”, sus­tém. Ademais, “a ju­ven­tude é o prin­ci­pal alvo de cri­mi­na­li­za­çom me­diá­tica, seja por­que te­mos um pa­pel im­por­tante em mui­tas mo­bi­li­za­çons ou por­que nos uti­li­zam para deslegitimá-las”.

Balseiro per­cebe umha evo­lu­çom nos mé­to­dos re­pres­si­vos con­tra a mo­ci­dade onde os “ca­sos con­cre­tos de pe­nas de pri­som por cau­sas ir­ri­só­rias cada vez som mais co­muns, apa­re­cem no­vos de­li­tos e os que ha­via apli­cam-se de ma­neira muito mais ampla”.

Negar a força ao feminismo
A mai­o­ria dos abu­sos po­li­ci­ais con­tra o mo­vi­mento fe­mi­nista con­cen­tram-se o 8 de março. Recolhem-se san­çons eco­nó­mi­cas por re­a­li­zar pin­ta­das, mu­rais e co­lada de car­ta­zes, iden­ti­fi­ca­çons e a ne­ga­çom de au­to­ri­za­çons de ma­ni­fes­ta­çons como foi o caso dumha pro­testa con­tra a Lei de Família.

A estratégia repressiva contra o movimento feminista passa por vender a imagem de que as mulheres nom som capazes de atacar o ‘status quo’

Balseiro, tam­bém ati­vista fe­mi­nista, con­si­dera que “na açom fe­mi­nista a re­pres­som fí­sica re­duz-se”, mas por­que as pau­tas re­pres­si­vas som ou­tras. “Semelha que há de­li­tos que sim se nos per­mi­tem e ou­tros, mas­cu­li­nos, que nom nos cor­res­pon­dem, e polo tanto cas­ti­gam-se”, in­dica. Este es­tra­ta­gema re­pres­sivo, que liga com vi­o­lên­cias es­tru­tu­rais es­pe­cí­fi­cas con­tra as mu­lhe­res, “é ou­tra con­sequên­cia do pa­tri­ar­cado que trata de in­vi­si­bi­li­zar a nossa luita, ven­der a ima­gem de que nom so­mos ca­pa­zes de ata­car o seu sta­tus quo e por­tanto o Estado nom nos responde”.

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