A cidade de Compostela está a viver um autêntico boom turístico. Em 2017 houve nesta cidade quase milhom e meio pernoitas, uns 2,6 milhons de viageiros chegados a aeroportos e uns 300.000 peregrinos do Caminho de Santiago, dados que mesmo superam as cifras atingidas no Jacobeu 2010. Ademais, segundo o relatório UrbanTur, em 2016 Compostela era a cidade com maior pressom turística, com umhas 138,38 vagas turísticas por cada mil habitantes. Enquanto várias vozes advertem dum processo de exclusom da vizinhança da zona velha, o Concelho inicia umha campanha em que se denunciam os efeitos negativos das vivendas para uso turístico nom-reguladas.
É revelador como para muitos locais o Passeio da Ferradura constitui um espaço central na sua ideia de Santiago, face à quase ausência nas repostas dos visitantes, dominadas pela Catedral e as ruas adjacentes”, expom o investigador Carlos Pazos-Justo no seu trabalho ‘Turismo, imagem e comunidade’, onde analisa alguns dos dados recolhidos polo grupo de investigaçom Galabra a visitantes provenientes de Portugal – país que achega maiores quantidade de turistas, após o estado espanhol –. “Verifica-se um progressivo abandono da população local das zonas mais impactadas pelo turismo. Na prática, cada vez menos locais residem na parte histórica da cidade ou deixam de a frequentar para socializar ou simples lazer. Por seu turno, a pressão duma imagem peregrina da cidade dominante pode invisibilizar e desproblematizar os efeitos económicos ou sócio-culturais negativos do fenómeno turístico”, continua Pazos-Justo.
Por outra banda, a investigadora Cristina Martínez expom que para explicar esse processo de expulsom da vizinhança do centro da cidade há que procurar responsabilidades também além do processo turistificador que se está a viver. “As mudanças vividas na cidade respondem a lógicas que estám a acontecer em quase todas as urbes do globo e que respondem a modelos de atuaçom do capital financeiro transnacional associados – consciente ou inconscientemente– com modelos de gestom urbana que se fôrom colocando como bons ou desejáveis, daí também as dificuldades dos governos municipais para pôr freio a algo que ultrapassa as suas competências”, expom.
Perseguindo os apartamentos turísticos
Um estudo do Concelho contabiliza mais de 720 anúncios de vivenda para aluguer turístico. A maior parte encontra-se no casco histórico e muitas estám em situaçom irregular
O Concelho de Santiago de Compostela está a mostrar preocupaçom pola sobrecarga turística que está a padecer o casco histórico compostelano, encetando umha campanha para conscientizar arredor da problemática das vivendas para uso turístico que se alugam através de plataformas online. No ano passado, o concelho realizou um estudo cujos resultados figeram saltar as alarmes: mais de 720 anúncios ofertavam mais de 3100 vagas turísticas, o que conforma o 30% da oferta regrada. Ademais, por volta de metade delas estám no casco histórico e calcula-se que este negócio pode mover mais de 8 milhons de benefícios sem fiscalizar. “E umha parte mui importante tenhem um caráter ilegal, sem nengumha regulaçom. Som vivendas de uso residencial, que nom tenhem licença para uso turístico mas estám a exercer esse negócio”, expom Marta Lois, concelheira de Igualdade, Desenvolvimento Económico e Turismo, nesta cidade.
“Este é um fenómeno recente e está levando a que indiretamente se incremente o prezo da vivenda de alugueiro e da compra e faga impossível que a gente de Compostela poda viver no casco histórico e, em um futuro, que o casco histórico se poda converter num parque temático ou numha zona excessivamente turistificada”, acrescenta a concelheira. Recentemente, o concelho abriu expedientes a duas destas vivendas, solicitando a reposiçom da legalidade. Lois aponta também a umha negligência nas funçons por parte da Junta e afirma que, ainda que Compostela esteja interessada em regular esta atividade, “todo o que tem a ver com o turismo ilegal ou fraudulento a competência a tem Turismo da Galiza, a agência que tem que levar adiante as instruçons”.
Assim, a concelheira de Igualdade compostelana expom também que ainda que as plataformas para este tipo de vivendas de uso turístico costumam anunciar-se como exemplos de economia colaborativa, “o que vemos é que muitas destas vivendas turísticas estám concentradas em poucas maos e há importantes multi-proprietários”.
Taxa turística
Compostela leva meses a pôr acima da mesa o debate dumha taxa turística, que abonaria cada pessoa que realizasse umha pernoita nos estabelecimentos hoteleiros da cidade. Com esta medida o Concelho procuraria promocionar a desestacionalizaçom e criar eventos culturais em temporada baixa. “Como sempre”, expom Marta Lois, “a pelota está no telhado da administraçom responsável, que é a Junta, e que se encontra de perfil face essa demanda”. O concelho de Compostela também se mostra crítico com a ideia de crescimento turístico da administraçom autonómica, umha ideia que replicam os meios de comunicaçom. “Todas as semanas há umha consulta reiterada por parte dos meios para saber se se continua a crescer e semelha que há umha certa ansiedade por bater recordes. Acho que os bons resultados som positivos, mas também se pode manter um número de pernoitas sem ter que medrar indefinidamente, tendo um gasto meio superior e maior qualidade na experiência”, reflete Marta Lois.