Há um ano o PSOE levava ao Parlamento da Galiza, com o apoio do BNG, umha PNL para a criaçom de um Observatório da Igualdade do sector pesqueiro. Embora a aprobaçom por unanimidade, um ano depois, nada se sabe do observatório. Detrás da iniciativa encontra- se a associaçom Mulleres Salgadas, com atividade desde o 2016.
Mulleres Salgadas nasce no 2016 baixo o nome Mulleres do Mar de Arousa, da uniom de mulheres profissionais do sector pesqueiro, com a ajuda do Grupo de Acción Local de Pesca (GALP) da Ria de Arousa. Daquela, a associaçom estava composta unicamente por trabalhadoras auroçás, mas logo transcendeu as suas fronteiras até se transformar na primeira associaçom de âmbito galego. Atualmente som mais de 1500 mulheres associadas, bem de modo individual ou bem de modo colectivo, nas suas confrarias ou empresas. Entre os seus ofícios: mariscadoras percebeiras, bateeiras, comerciais ou oceanógrafas.
A meados de 2021, já com umha consolidada rede associativa por todo o país, decidem mudar o seu nome e realizarem umha demanda à Conselharia do Mar e à Secretaria Geral de Igualdade que se converterá no seu objetivo principal estes últimos dous anos. Solicitam a criaçom de um Observatório de Igualdade do sector pesqueiro galego, alegando que o peso e características específicas da pesca na Galiza justificam a existência de um observatório com pessoal técnico capaz de analisar a situaçom das mulheres do mar e contribuir a melhorá-la, com especial fincapé na escassa presença de mulheres em postos de direcçom e representaçom.
Solicitam a criaçom de um Observatório de Igualdade do sector pesqueiro galego
Com esta luita chegárom há um ano ao Hórreo, quando o PSdeG ‑com o apoio do BNG- apresentou no hemiciclo uma Proposiçom Nom de Lei (PNL) que instava à criaçom de dito observatório, na sessom plenária que tivo lugar coincidindo com o dia Internacional da Mulher Trabalhadora. A iniciativa foi aprovada por unanimidade com os votos a favor do PP. Contudo, este 2023, mais uma vez, PSOE e BNG, acompanhados das Mulleres Salgadas, tivérom que acudir ao pleno celebrado em 8 de março ‑desta vez em forma de interpelaçom- ante a total inaçom da Conselharia. Após um ano, nom há novas do observatório. “Nom queremos promessas, queremos factos”, denunciava a associaçom.
A isto, soma-se o veto da Conselharia a que Mulleres Salgadas faga parte do Conselho Galego da Pesca. Segundo aduziu a instituiçom, Rosa Quintana, a negativa à solicitude de participaçom da associaçom deve-se a que no Conselho já está integrada a Asociación Nacional de Mujeres de la Pesca (ANMUPESCA), entidade de carácter estatal. Da Conselharia argumentam que, como agrupamento espanhol, este “estende a sua representatividade”.
Infrarrepresentaçom no sistema eleitoral
Para a associaçom, um diagnóstico esclarecedor do que está a acontecer é a discriminaçom das mariscadoras nas confrarias, onde constam como trabalhadoras por conta alheia a pesar de serem autónomas. Desta maneira, nas eleiçons, onde há de garantir-se a paridade entre empresárias e trabalhadoras, as mariscadoras votam como trabalhadoras quando deveriam de constar como empresárias. Isto é assim desde que nos anos 90 a Conselharia regularizasse o trabalho do marisqueo, até aquele entom maioritariamente furtivo.
30 anos depois, para Mulleres Salgadas, nom se atingiu nenhum avanço. Com voz mas sem voto, as mulheres quase nom estám presentes nos postos diretivos. O passado 29 de outubro as confrarias votárom as equipas diretivas para os próximos quatro anos. Só três mulheres fôrom eleitas patroas maiores. Isto é, menos de 2% de um total de 63 confrarias.
Problemáticas específicas
Este tipo de problemáticas somam-se a outras que no dia a dia afetam a profissons altamente feminizadas como as do marisqueo a pé. Converter-se numa profissom regrada, além da cotizaçom à Segurança Social, trouxo consigo a imposiçom de tarefas como a limpeza das praias, o semeado e o cuidado dos cultivos. Estes labores som de obrigado cumprimento para a obtençom da permissom de exploraçom do marisqueo a pé, cousa que nom passa no marisqueo a bordo, profissom mais masculinizada.
Aliás, como resultado de umha vida de trabalho, muitas mariscadoras sofrem doenças que nom som reconhecidas como doenças laborais. Atualmente a Segurança Social reconhece seis, entre infeciosas (por estarem em contacto com a humidade), tendinites ou a síndrome do túnel do carpo. Mas outras como as hérnias, a artrose, artrite ou queimaduras (consequência da continuada exposiçom ao sol) nom som consideradas doenças profissionais.
Trabalho de base e individual
No entanto, se por algo se diferencia a atividade de Mulleres Salgadas é polo trabalho de base. Partindo da consciencializaçom individual em assembleias e aulas orientadas às mulheres do mar, até a consciencializaçom coletiva com eventos que fomentem a visibilidade de um labor esquecido para o público geral. “Quando começamos íamos por grandes objetivos: as lideranças nas confrarias, as doenças profissionais… No dia a dia demos-nos conta de que o principal era mudar a mentalidade das nossas sócias. Que fossem conscientes da situaçom de injustiça que atravessam”, afirmam desde a associaçom.
Isto é assim porque Mulleres Salgadas conta com associadas individuais além de coletivos. Em organismos como ANMUPESCA, polo carácter da entidade, só podem dar-se de alta associaçons, de tal maneira que Mulleres Salgadas fai também parte de ANMUPESCA. Para elas, aponta a diretiva, a associaçom de mulheres a nível individual “é menos numeroso mas mais valioso. Implicam-se mais. Som trabalhadoras que pagam a quota do seu peto e chegam a nós depois de ver o nosso discurso e o nosso trabalho. Para nós isso é mui importante”.
Só três mulheres fôrom eleitas patroas maiores, de um total de 63 confrarias
Entre as súas atividades recentes estariam a organizaçom de aulas de formaçom em competências digitais para mulheres do mar, com o apoio da Deputaçom de Ponte-Vedra ou a recuperaçom da memória das mulheres bateeiras, que deu os seus frutos com a exposiçom “Mulleres Bateeiras. O mexillón a través das mans das mulleres”, da mao da Organización de Productores de Mejillón de Galicia (OPMEGA). A amostra recolhe fotografias de 1952 à atualidade e pode visitar-se durante todo o mês de março na rua Castelao de Vila-García.
Ademais, desde 2020 entregam o galardom Muller Salgada, reconhecimento de carácter anual que pretende ser umha homenagem a mulheres anónimas do mar. Este 2023 a premiada é Obdulia Piñeiro Nogueira, ‘Dula’, mariscadora da confraria da Pastoriza de Vila-Nova.