Periódico galego de informaçom crítica

Vigo 1972

por
ima­gem de ar­quivo (Vigo, 1972)

Nos úl­ti­mos anos da di­ta­dura fran­quista a classe ope­rá­ria vi­guesa man­tivo du­rante duas se­ma­nas umha greve ge­ral que pas­sa­ria à História como abrente de dig­ni­dade. Após 45 anos es­treia-se o do­cu­men­tá­rio “Vigo 1972. A hora da ver­dade” di­ri­gido por Roi Cagiao e que re­a­bre o de­bate do acon­te­cido na altura.

A con­fron­ta­çom ge­rada na ci­dade olí­vica sal­dou-se com umha lo­ca­li­dade si­ti­ada pola po­lí­cia, 6.000 des­pe­di­men­tos, 30.000 pes­soas mo­bi­li­za­das, in­con­tá­veis de­ten­çons e tor­tu­ras e dú­zias de dis­pu­tas. A greve foi muito mais que isso, é um epi­só­dio ful­cral para com­pre­en­der a atual con­for­ma­çom sin­di­cal e po­lí­tica ga­lega. 

Vigo é sitiada pola polícia, 6.000 despedimentos, 30.000 pessoas mobilizadas, incontáveis detençons e torturas e dúzias de disputas. Mas a greve foi muito mais que isso.


Devido a sua trans­cen­dên­cia há vá­rias pers­pe­ti­vas em fun­çom da pos­tura po­lí­tica que cada quem sos­tem no pre­sente. Pola con­tra, e se bem nom exis­tem ima­gens do mo­mento, os tes­te­mu­nhos de quem par­ti­ci­pá­rom e os ar­qui­vos his­tó­ri­cos per­mi­tem con­fi­gu­rar um mapa da re­a­li­dade ga­lega que en­fren­tava a di­ta­dura desde a clan­des­ti­ni­dade, or­ga­ni­za­çom e va­len­tia.   

Os pre­ce­den­tes
Para che­gar aos fac­tos de 1972, Galiza nom par­tia de zero. Já na dé­cada de 60 ti­vé­rom lu­gar as gre­ves ge­rais do es­tu­dan­tado em Compostela, a re­pres­som das la­bre­gas em Maçaricos e Castrelo de Minho e os cen­tos de pa­ros na in­dús­tria. A ní­vel in­ter­na­ci­o­nal, Pepe Velo e ou­tros ga­le­gos par­ti­ci­pa­vam no as­salto ao Santa Maria. 

ima­gem de ar­quivo (Vigo, 1972)

Fervedouro sin­di­cal e político
No 10 de Março de 1972, Amador Rey e Daniel Niebla, tra­ba­lha­do­res de Bazán, som as­sas­si­na­dos às nove da ma­nhá pola po­lí­cia em Ferrol du­rante umha mo­bi­li­za­çom em que se exi­gia um con­vé­nio de âm­bito pro­vin­cial em vez das ne­go­ci­a­çons co­le­ti­vas em Madrid. Três ho­ras de­pois me­di­ante a co­or­di­na­çom sin­di­cal, os es­ta­lei­ros de Vigo pa­ram em pro­testo du­rante cinco dias ex­ten­dendo-se a vá­rias em­pre­sas.  

Amador Rey e Daniel Niebla, trabalhadores de Bazán, som assassinados às nove da manhá pola polícia em Ferrol


Durante o fran­quismo, o Sindicato Vertical era o único au­to­ri­zado mas a classe ope­rá­ria ocu­pou pos­tos nos Jurados de Empresa para pres­si­o­nar nas de­ci­sons dos cen­tros à par que se or­ga­ni­zava na clan­des­ti­ni­dade. A fi­nais de 1971 CCOO era o sin­di­cato mai­o­ri­tá­rio na Galiza e no seu seio al­ber­gava o PCE como co­luna ver­te­bral. 

O “Pacto por la Libertad” de­se­nhado em Madrid polo PCE  e no que apon­ta­vam a umha re­forma do Regime e sua trans­for­ma­çom numha de­mo­cra­cia bur­guesa, abre umha grande fenda en­tre quem o de­fen­dem e quem apos­tam por li­nhas mais co­e­ren­tes. O con­flito al­cança CCOO e na as­sem­bleia do Alto de Sam Colmado fai-se pú­blica a ru­tura em Janeiro de 1972. Como ci­som à es­querda cria-se Organización Obreira ‑pos­te­ri­or­mente OMLG, OMLE — do­tada dumha mi­li­tân­cia mui com­ba­tiva e com in­fra­es­tru­tura que evo­luirá cara ao PCE-Reconstituído, GRAPO, UPG e fu­tu­ros qua­dros do sin­di­ca­lismo na­ci­o­na­lista. 

A or­ga­ni­za­çom po­lí­tica mais sig­ni­fi­ca­tiva era o PCE mas já exis­tia a UPG que for­çará a in­tro­du­çom da ques­tom na­ci­o­nal nos de­ba­tes po­lí­ti­cos.  

ima­gem de ar­quivo (Vigo, 1972)

Citröen prende a faísca
Em 1972, além do con­flito em Ferrol, em Vigo es­toura em Abril o de Talleres Kober e ao mês se­guinte em Barreras. Nom há con­senso ar­re­dor da mo­ti­va­çom da greve de Citröen em Setembro, mas na sexta-feira do dia 8 apa­re­cem bro­chu­ras nos pos­tos de tra­ba­lho as­si­na­das por CCOO con­vo­cando umha greve para o dia se­guinte em de­manda da re­du­çom da jor­nada se­ma­nal a 44 ho­ras e o des­canso o sá­bado pola tarde. Esse sá­bado a fá­brica está to­mada po­los gri­ses. 

O paro foi par­cial mas no dia 11 des­pe­dem-se cinco tra­ba­lha­do­res e ex­pe­di­en­tam-se ou­tros qua­tro. O facto re­pres­sivo con­tri­bue à uni­dade en­tre CCOO e O.O mas esta úl­tima chama para a Greve Geral Revolucionária. As ope­rá­rias mar­cham em ma­ni­fes­ta­çom po­los di­rei­tos la­bo­rais e con­tra os des­pe­di­men­tos cara a Reyman, Barreras e Vulcano que se­cun­da­rám a greve junto com as em­pre­sas. 

Engrena­gem
As bro­chu­ras im­pri­mem-se num souto em Beade e to­das as ma­nhás guin­dam-se po­las ruas es­ti­mando-se o re­parto em meio mi­lhom. As de­ci­sons ado­tam-se po­las noi­tes e de ma­nhá som ra­ti­fi­ca­das por umha Intercomisión e pos­te­ri­or­mente à tarde na ci­dade com as tra­ba­lha­do­ras. “No ru­ral, quando che­gas a casa de ma­dru­gada o mais bo­nito que che po­dia cha­mar a gente era puta. O com­pa­nheiro di­zia que com que ele lui­tara era su­fi­ci­ente”, lem­bra a di­ri­gente sin­di­cal Pilar Pérez no do­cu­men­tá­rio.  

ima­gem de ar­quivo (Vigo, 1972)

Na terça-feira 12, a Porta do Sol está to­mada po­las ma­ni­fes­tan­tes dei­tando se­má­fo­ros e en­fren­tando aos gri­ses com pe­dras en­quanto a vi­zi­nhança lança ob­je­tos desde as ja­ne­las. Dá-se um salto qua­li­ta­tivo nos mé­to­dos e cor­tam-se as es­tra­das de Praça do Couto, Teis e o Calvário. Chegam mais uni­da­des de gri­ses e meio mi­lhar de guar­dias ci­vi­les. Há en­fren­ta­men­tos e bar­ri­ca­das na Avenida de Madrid, Atlântico, Travessia de Vigo, Avenida Florida, Garcia Barbom e Praça do Couto. Convoca-se umha greve ge­ral de 48 ho­ras de toda a ci­dade. 

A greve é um su­cesso se­cun­dado por 30.000 tra­ba­lha­do­ras mas no sá­bado 16 pro­du­zem-se mais de­ten­çons numha as­sem­bleia na Madroa que, junto com o monte do Alba, ser­via para en­con­tros clan­des­ti­nos. 

No dia 22, 4.000 trabalhadoras som despedidas e nos vindouros dias acadarám as 6.000.

 

No dia 18, Vigo con­ti­nua si­ti­ado. Produzem-se no­vas de­ten­çons sendo já cen­tos ao igual que as tor­tu­ra­das. A pa­tro­nal in­cide em que o pes­soal se in­cor­pore ao tra­ba­lho o dia 21 mas as tra­ba­lha­do­ras re­cla­mam li­be­rar as de­ti­das e re­ad­mi­tir as des­pe­di­das.  

Na sexta dia 22, 4.000 tra­ba­lha­do­ras som des­pe­di­das e nos vin­dou­ros dias aca­da­rám as 6.000. Debate-se con­ti­nuar com a greve ou vol­tar ao tra­ba­lho para mi­ni­mi­zar o dano. Ganha esta úl­tima tese. A greve fi­na­liza o 23 e o 26 rein­cor­po­ram-se ao tra­ba­lho re­du­zindo a ci­fra de des­pe­di­men­tos a 200. 

O dia depois
Durante a greve, o Subsecretario de la Presidencia, Carrero Blanco, emi­tia or­dem de des­truir as ca­be­ças do mo­vi­mento obreiro de Vigo e a Brigada po­lí­tico-so­cial per­se­guiu-nas sem acougo. A bru­tal re­pres­som pro­vo­cou a fu­gida ou clan­des­ti­ni­dade da mi­li­tân­cia mais ativa mas quem nom o con­se­guiu foi pro­ces­sada polo Tribunal de Orden Público pa­gando anos de ca­deia. 

Os acontecimentos de 1972 fôrom o germe dum sindicalismo nacionalista, dum projeto político de liberaçom nacional e social.

 

Internamente, subs­ti­tui-se a di­re­çom da UPG –até da­quela con­fi­gu­rada por gente do âm­bito cul­tu­ral- por umha ge­ra­çom de qua­dros pro­ce­den­tes do mo­vi­mento ope­rá­rio en­ca­be­çado por Moncho Reboiras até o seu as­sas­si­nato e a pos­te­rior re­pres­som de 1975. Por ou­tra banda, o PCE, que se vira for­çado a umha ga­le­gui­za­çom par­cial com a cons­ti­tui­çom da sua fi­lial, o PCG, em 1968 vê pe­ri­gar a sua he­ge­mo­nia en­tre as tra­ba­lha­do­ras.  

Os acon­te­ci­men­tos de 1972 fô­rom o germe dum sin­di­ca­lismo na­ci­o­na­lista, dum pro­jeto po­lí­tico de li­be­ra­çom na­ci­o­nal e so­cial sus­tido desde a classe ope­rá­ria e ubi­cá­rom a Galiza in­sub­missa num or­gu­lhoso cons­ci­ente co­le­tivo. 

O último de O bom viver

Ir Acima