
No ano passado começou um ato de resistência por parte de um setor da esquerda em Turquia. A partir desse ponto um grupo de pessoas, todas elas relacionadas com o Grupo Yorum, começou umha greve de fome, seguindo umha série de reivindicaçons de direitos. A princípios deste ano, três icónicas pessoas perdérom a vida devido a esta greve. Durante este período a perseguiçom e a repressom do movimento dentro do estado turco nom cessou.
O Grup Yorum é um grupo musical fundado em 1985, uns anos depois do golpe militar que tivo lugar em 1980, da mao de um grupo de estudantes universitários. Baixo uns valores anticapitalistas e anti-imperialistas, nasceu em resposta a despolitizaçom e intimidaçom que se sofria no momento. Desde o seu nascimento sofrérom multiplas detençons e os seus membros fôrom submetıdos a diversos juízos, acumulando mais de 400 vistas.
O Grup Yorum nasceu em 1985 e é um grupo musical que, baixo uns valores anticapitalistas e anti-imperialistas, nasceu em resposta a despolitizaçom e intimidaçom que se sofria no momento
A este grupo musical está ligada a revista cultural Tavir, que toca temáticas da arte, a cultura, a literatura e a música. Assim mesmo existe em Istambul um centro cultural que é administrado por vários membros do grupo. Som também responsáveis da realizaçom de um filme chamado F‑Tipi, produzido em 2012, que trata das experiências dos presos políticos nas prisons turcas após a chamada “Operaçom de retorno à vida”, na que as forças de segurança turcas irrompérom em 20 cárceres. Trinta prisioneiros e dous soldados fôrom assassinados e, depois disto, os prisioneiros fôrom trasladados imediatamente às prisons de “tipo F” (Institucions de alta segurança para a execuçom de sentenças).
Desde a sua fundaçom, há 35 anos, o Grup Yorum participou nas luitas sociais de Turquia, posicionando-se claramente ao lado dos povos. Nas cançons cantadas em turco, curdo e árabe, que tratam sobre a opressom do povo, a banda sempre fixo um chamamento à fraternidade entre os povos, a unidade e a justiça. As suas cançons tocam-se em greves, funerais, manifestaçons ou casamentos. A sua popularidade e o apoio do povo luitador e oprimido do país, é também a razom pola que o Grup Yorum sempre foi objeto da repressom desde a sua fundaçom. Os seus integrantes fôrom detidos, torturados e encarcerados em inumeráveis ocasions, mas esta situaçom nom conseguiu deter o trabalho e o progresso do grupo, que estivo lançando álbumes de forma anual desde 1987.
Em finais do ano 2017 lançárom o seu ultimo álbum, Ilhe Kavga, que significa “Luıta custe o que custar”. Na capa deste mesmo álbum apareciam os instrumentos que fôrom destroçados na redada policial em 2016, quando as forças do estado irrompérom no centro social e detivérom e encarcrárom os membros do grupo.

A dia de hoje o grupo musical tem as suas atividades proibidas, e sete dos seus membros som qualificados como terroristas por considerar, o Estado turco, que estes pertencem ao DHKP‑C (Partido Revolucionarão de Libertaçom do Povo), organizaçom nom legal de ideologia marxista-leninista fundada em 1978.
Desde meados de 2019 um grupo de artistas, pertencentes o Grup Yorm e mais simpatizantes da causa, começou umha greve de fome no Estado turco. Entre eles Helim Bölek, Mustafa Koçak e Ibrahim Gökçek. Também fam parte desta greve de fome dous advogados da Associaçom de Advogados Contemporâneos (ÇHD).
Som também responsáveis da realizaçom de um filme chamado ‘F‑Tipi’, produzido em 2012, que trata das experiências dos presos políticos nas prisons turcas após a chamada ‘Operaçom de retorno à vida’, na que as forças de segurança turcas irrompérom em vinte cárceres
Helım Bölek, solista do grupo que foi arrestada por primeira vez em 2016 numha operaçom militar no centro cultural Idil. Voltou à prisom em 19 de junho de 2019, mês em que se somou à greve de fome. Estivo em prisom até 11 de março de 2020, quando foi trasladada ao hospital por causa do seu estado de saúde. A pesar disto rejeitou o tratamento e continuou com a greve. Continuou com a resistência até o fim, sempre assegurando que “só temos os nossos corpos para luitar”.
Mustafa Koçak foi um preso político simpatizante da banda que participou na greve de fome, começando por reivindicar o seu direito a um juízo justo. Estava em prisom após ser sentenciado a cadeia perpétua pola acusaçom de violaçom da constituiçom, que foi baseada nos testetumnhos de dous indivíduos que figérom as declaraçons para evitar serem torturados e punidos.
Ibrahım Gökçek, baixista do grupo que foi arrestado em 1 de maio de 2019 e libertado o dia 24 de fevereiro de 2020, quando foi também levado para o hospital por causa do seu estado de saúde, e onde rejeitou o tratamento. Resistiu até conseguir que o governo turco cedesse e concedesse às companheiras do Grup Yorum voltar tocar a sua música. Após esta vitoria centos de pessoas saírom às ruas para celebrá-lo, mas essa terça 5 de Maio veria-se novamente a repressom do estado, sendo sancionadas várias participantes polo Tribunal de Istambul.
Esta greve de fome trouxo consigo umha sérıe de reivindicaçons: a fim das redadas em centros culturais, a derrogaçom da proibıçom dos concertos do Grup Yorum, a liberaçom dos membros da banda e mais dos presos políticos em geral e a exclusom dos membros das listas negras dos serviços policiais.

Deve-se compreender que o conceito de greve de fome em Turquia é algo diferente do que se costuma compreender-se tradicionalmente no nosso território, já que as pessoas participantes, durante a mesma, consomem suplementos vitamínicos (geralmente B12) ademais de água com açúcar. Isto fai com que a resistência seja mais longa e o corpo se apague mais lentamente.
A greve de fome começou no passado 2019, no mês de maio, da mao dos membros da banda musical que se encontravam no momento em prisom, enquanto que Helim e mais Ibrahim somáronm-se ao protesto no mês de junho. Helim Bölek caiu mártir em 3 de abril de 2020, depois de 288 dias de resistência, enquanto que Mustafa Koçak faria‑o vinte e um dias depois, em 24 de abril, após 297 dias e Ibrahim em 7 de maio, após 325 dias.
A greve de fome deu-se por rematada o passado 5 de maio, quando o ultimo grevista, Ibrahim Gökçekç, deu por finalizada a sua participaçom, já que os funcionários de prisom acordárom umha conversaçom com a banda para tentar obter um permisso cara à realizaçom de um concerto. Ainda com a vitoria final atingida logo da greve, Ibrahim, rematou por perder a vida em 7 de maio por causa do deterioro da sua saúde, e mesmo a pesar de ter começado a receber tratamento num dos hospitais de Istambul.
No dia 8 de maio estava prevista a celebraçom do seu funeral, mas a polícia turca irrompeu no Cemevi (lugar de oraçom dos alevitas) em que se encontrava o seu corpo, quebrando portas, janelas e lançando gases lacrimogéneos. O funeral nom pudo ser levado a cabo nesse dia já que o corpo do artista foi capturado pola polícia do AKP. Finalmente o funeral realizou-se no dia 9 de maio, mas foi baixo a presença de um grande dispositivo policial.
Três integrantes do Grup Yorum fôrom detidas e torturadas por terem assistido ao funeral, alegando a sua condiçom de terroristas. Segundo as declaraçons de umha das detidas, Dilam Ekim, “Um funeral é umha honra para nós e reclamamos a nossa honra perante a porta da morgue para evitar o ataque policial”. Perante a atuaçom policıal relatou: “pugérom-nos as algemas nas costas e batérom-nos. Maldizérom-nos no autocarro de detençom dos antidistúrbios. Torturárom sistematicamente Bahar Ertuk e Beyam Gum. Golpeárom-nos durante umha hora, apertando as suas gorjas.” A música assegurou que “queriam intimidar a Grup Yorum e o público em geral usando o corpo de Ibrahim”, mas a pesar de todo isto afirmou que “devem saber que Grup Yorum seguirá resistindo”.
Toma-se como exemplo similar um caso que sucedeu há 39 anos, também um 5 de maio, em que um jovem militante irlandês morria por causa de levar a cabo umha greve de fome, numha prısom inglesa, o conhecido Bobby Sands. No momento, as declaraçons da Dama de Ferro, Margaret Thatcher, calificárom-no como “um terrorista que escolheu quitar-se a vida”. Mas tanto ao jovem irlandês como as participantes da greve de fome em Turquia fôrom asassinadas pola impassividade do Estado.
A dia de hoje o grupo musical tem as suas atividades proibidas, e sete dos seus membros som qualificados como terroristas por considerar, o Estado turco, que estes pertencem ao DHKP‑C (Partido Revolucionarão de Libertaçom do Povo), organizaçom nom legal de ideologia marxista-leninista fundada em 1978
Umha vez mais a oposiçom da esquerda Turca volta deixar trás de si umha história de resistência frente ao totalitarismo que carateriza o país desde há longo tempo atrás, em que às pessoas nom som só perseguidas por questons ideológicas, como é o caso de diversos partidos e organizaçons de esquerdas que som qualificadas de terroristas, senom que também existe umha perseguiçom por questons identitárias, como o exemplo das pessoas arménias e curdas. Pode-se lembrar o caso de aqueles estudantes curdos, que fôrom condenados a prisom uns anos atrás polo facto de assubiarem umha cançom revolucionária na sua própria língua, ou mesmo a recente repressom sofrida polo movimento feminista que começou a emerger no país.
No dia 20 deste mês e no 6 de junho três membros do grupo de apoio à greve de fome, Sultam Gokçek, Alı Aracı e Bergum Varam deverám-se apresentar na corte de Istambul, já que o estado quer acusá-los de terrorismo por fazer musica para o Grup Yorum. Perante isto, surgiu também umha campanha de apoio a nível internacional, polo que se continua a ter os olhos postos com o que está a acontecer em Turquia.
Há que lembrar a importância de pôr o foco no que acontece ali, já que estamos a falar de um Estado com estreitas relaçons com a Uniom Europeia e grandes tratados comerciais com alguns dos países que a integram. Sendo que muitas vezes as armas que se utilizam para reprimir as nossas companheiras saem do território do Estado espanhol, ou mesmo o exercito deste proporciona formaçom direta aos braços opressores do governo de Erdogam ou proteçom perante os supostos ataques das forças opositoras (como é o caso da fronteira com Rojava, na que há um despregue de tropas espanholas para a suposta proteçom frente às YPG).