Em 25 de novembro de 2017 foi a data em que se começou a trabalhar na greve feminista de 8 de março, dia em que o feminismo saía à rua protestar contra a violência machista, começárom os contatos entres os diversos coletivos para calendarizar os encontros e debates para somar-se à convocatória mundial da greve. O processo dura já quatro meses e os coletivos que participam dele asseguram que tem ainda um longo caminho. O dia 8 de março foi o motivo para juntar-se mas as reunions continuam.
Um processo de contatos, reunions e conhecimento da diversidade dos diferentes coletivos que trabalham no feminismo do país e que serviu para juntar a um movimento que atua de maneira autónoma.
SLG: "Para as labregas é mui útil conhecer os coletivos das cidades e é necessário poder trasladar a outras mulheres as nossas problemáticas"
O Cónclave feminista de Compostela encarregou-se de dinamizar os encontros. “Numhas jornadas que organizamos no centro social Escárnio de Compostela concluímos que queriamos fazer um 8 de março descentralizado, espalhá-lo por todo o país e sabíamos que para isso tínhamos que dar um primeiro passo. Contatamos com muitos coletivos em 25 de novembro. Em 2 de dezembro iniciamos este processo de preparaçom para a greve mundial de 8 de março. Quigemos contatar com todos os coletivos feministas do país”. Explica Sela González, do Cónclave. As seguintes reunions transcorrérom em Lugo, Ourense e Ponte Vedra.
Concha de la Fuente, da Marcha Mundial das Mulheres, explica que este processo serviu de revulsivo para a sua organizaçom. “ Nós encontrámo-nos num momento baixo e necessitávamos nutrir-nos doutros debates, partilhar com mais mulheres… Neste sentido o processo foi muito enriquecedor”.
Encontro e acordo
Os debates e jornadas de preparaçom tivérom como base duas premissas: descentralizar as reunions para conhecer as diferentes realidades do país e buscar um clima de encontro e acordo, deixando à margem posicionamentos partidistas e debates estéreis.
“Estes encontros servírom para aprender a trabalhar conjuntamente, chegar a consensos e deixar rivalidades que venhem do machismo em que todas fomos educadas. É lindo reeducarmo-nos e encontrarmo-nos nos cuidados, na partilha e nas diversidades: mulheres mais velhas com outras mais novas que estám mais do que preparadas, e achegarmo-nos as realidades das compas trans e LGTB” continua Concha de la Fuente.
Desde o SLG, Maria Ferreiro assegura que os debates estám sendo mui úteis para o conhecimento mútuo já que “suponhem umha aprendizagem recíproca: para as labregas é mui útil conhecer os coletivos das cidades e os seus posicionamentos e para nós é mui necessário poder trasladar a outras mulheres as nossas problemáticas e sentir-nos escuitadas e acompanhadas”.
As cifras da discriminaçom
- A fenda salarial é na Galiza do 22,3%: ainda que homens e mulheres tenham o mesmo salário base, os complementos a esse soldo som discriminatórios, já que as mulheres tenhem mais presença em ocupaçons a jornada parcial (na maioria dos casos associada à maternidade).
- O 15 % das mulheres galegas estám ocupadas em serviços pessoais e de lazer com um salário mínimo anual de 7.600 euros, quantia inferior ao Salário Mínimo Interprofissional (SMI).
- Em sectores como o da cebeleireira e o comércio, mui feminizados, os salários bases encontram-se por debaixo do SMI.
- A diferença meia de pensons entre homens e mulheres é de 352, 59 euros.
- No rural a mulher nom é proprietária das granjas. Só existem 17 granjas de titularidade feminina em todo o país. Os homens som os que herdam a titularidade do negócio e as mulheres trabalham para eles sem cotizar, sem ter direito a baixas maternais e duplicando a jornada no fogar.
- A situaçom das mulheres que vivem do mar (redeiras, mariscadoras e conserveiras) é muito pior que a dos marinheiros: as enfermidades associadas ao marisqueio (lesons de articulaçons e coluna e doenças de reuma) nom estám reconhecidas como tal, nom há subsídios por desemprego por reduçom da atividade e o salário das trabalhadoras conserveiras meio é de 830 euros.
Com estes dados o feminismo resume: temos menos oportunidades de promocionar no trabalho (teito de vidro), as nossas pensons som mais pequenas e somos nós as que reduzimos as jornadas ou pedimos excedências para dedicar-nos aos cuidados. Os contratos a tempo parcial levam muitos mais nomes de mulher que de homem. As mulheres sofrem a maior parte dos acossos laborais (consequência de exercer responsabilidade de cuidado, mas também sexual ou por identidade afetivo sexual).
Qual é o papel dos homens na greve?
As secretarias da mulher dos diferentes sindicatos especificam também de que maneiras os homens podem contribuir na greve feminista e jogar o papel de aliados. “Trata-se de que os homens acudam aos postos de trabalho e assumam os cuidados e tarefas da casa”. Di Ana Viqueira, da CUT.
Das secretarias da mulher pede-se que os homens atuem como facilitadores e esqueçam papéis protagonistas aos que estám acostumados. No âmbito laboral devem acudir eles aos serviços mínimos, no âmbito familiar podem encarregar-se dos cuidados e das tarefas domésticas das companheiras durante todo o dia, no âmbito sindical os homens podem fazer dos locais dos sindicatos espaços de cuidados para que as mulheres podam acudir caso necessitarem (para deixar as crianças ao seu cargo, por exemplo). Durante a jornada, a atitude dos homens terá de ser de respeito e escuita, evitando o questionamento ou a crítica das companheiras sindicais. Por último, nas mobilizaçons os homens deveriam ocupar a parte final do percurso, o espaço misto, sem colher faixas nem autofalantes.
Com esta guia as secretarias da mulher pretendem sobretudo incitar à reflexom sobre a quantidade de tempo que investem as mulheres nos cuidados, na invisibilidade feminina e o pouco reconhecimento do trabalho nom assalariado: Mas também o papel protagonista e atitudes machistas e diretivas que costumam ter muitos homens nas greves e manifestaçons.