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Sonia Méndez: “Luz Fandiño é umha liçom para muitas e muitos”

por
juan luis tomé

Sonia Méndez é atriz, guionista e diretora de cinema. Animada pola sua sócia, Nati Juncal, acudiu à apresentaçom do último livro da poeta, feminista e ativista compostelana Luz Fandiño. Desde esse momento “ficou fascinada por esta mulher e decidiu que, sem dúvida, já era hora de fazer-lhe um documentário”. Assim nasceu A poeta analfabeta.

Por que o tí­tulo A po­eta anal­fa­beta?

Nom é por des­res­peito, com cer­teza. Ela sem­pre di isso de si pró­pria em to­das as apre­sen­ta­çons. Incide con­ti­nu­a­mente nisso, que é umha po­eta anal­fa­beta, a po­eta dos de­ser­da­dos. Ademais, é o verso dum po­ema seu. No do­cu­men­tá­rio, quando en­tra o tí­tulo, con­tex­tu­a­liza-se esse verso den­tro do poema. 

Luz sem­pre se as­so­cia com a cor, po­rém tivo um pas­sado duro, mos­tra­des isso no documentário?

Sim, o do­cu­men­tá­rio tem mui­tas ca­pas. É um re­trato de per­so­na­gem, mas tam­bém per­corre to­dos es­ses mo­men­tos du­ros da vida de Luz, que fô­rom mui­tos. Umha das cou­sas mais fas­ci­nan­tes de Luz é che­gar onde ela chega com a ener­gia e as ga­nas de luita in­ta­tas, ape­sar da sua idade e de todo o que pas­sou. Basicamente, Luz vi­veu as re­a­li­da­des mais du­ras do sé­culo XX por ser mu­lher, mi­grante, po­bre e de es­quer­das. Porém, nom dei­xou que nada disto aca­basse com o seu es­pí­rito de luita. Penso que é umha li­çom para mui­tas e mui­tos. Ela conta‑o, nom é? De nova via-se feia e triste, e agora de ve­lha, en­che-se de cor e fai umha ve­lha ‘chur­rus­queira’.

Há algo de Luz que te sur­pre­en­desse em particular?

Estivem bas­tan­tes ve­zes soa com Luz por­que a sua casa tem mui­tas cou­sas e nom po­día­mos es­tar toda a equipa. Há gente que co­nhece Luz dou­tros âm­bi­tos, mas eu nom, polo que o meu olhar era bas­tante vir­gem. Por essa ra­zom para mim de en­trada todo era sur­pre­en­dente. Umha vez su­pe­rada a sur­presa ini­cial, co­me­cei a des­co­brir cou­sas que ti­nham mais a ver com o seu mundo quo­ti­di­ano, que foi o que mais me fas­ci­nou. Também o que digo sem­pre é que Luz é a pes­soa mais punk que co­nheço, por­que, para além de nom ven­der-se ja­mais, nunca está onde nom quer es­tar. Por isso auto-edita e nom deixa que lhe tro­quem nem umha pa­la­vra dos seus ver­sos. Gosto muito da sua personalidade.

Dis deste do­cu­men­tá­rio que o fi­geste para “uni­ver­sa­li­zar o seu re­lato e fa­zer-lhe justiça”.

No do­cu­men­tá­rio se­gui­mos Luz fa­zendo cou­sas do seu dia a dia. Vê-se como es­tende a roupa, co­zi­nha… cou­sas que fai toda a gente. Por isso, co­nec­tas com ela ainda des­co­nhe­cendo cer­tas cou­sas do seu cír­culo. Ademais, Luz é mo­derna, nom pós-mo­derna, no sen­tido de que ainda acre­dita que o povo pode ven­cer. Por isso é nor­mal que a ju­ven­tude a siga sem­pre, por­que como nom vás se­guir umha pes­soa que che di que po­des ven­cer e mu­dar as cou­sas? Tu que­res che­gar à idade de Luz com essa ener­gia e pen­sando que po­des mu­dar o mundo, nom olhando para ou­tro lado como fam mui­tos quando se fam ve­lhos. E sem dú­vida, Luz re­pre­senta mui­tas mu­lhe­res, nom só da sua época, mas tam­bém desta.

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