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A autodeterminaçom como vínculo de mínimos

por
ga­liza contrainfo

Ao longo das duas últimas décadas houvo várias tentativas de unidade de açom soberanista a partir da reivindicaçom do direito de autodeterminaçom para o povo galego. Se bem na década passada estas fôrom iniciativas que vinham especialmente do campo independentista, também procuravam chegar a militantes de base do nacionalismo, nos últimos anos essas iniciativas a prol da soberania nacional venhem sendo impulsadas especialmente polo nacionalismo.

Dentro das ini­ci­a­ti­vas uni­tá­rias a prol da au­to­de­ter­mi­na­çom im­pul­sa­das por or­ga­ni­za­çons in­de­pen­den­tis­tas, a pri­meira de­las foi a ex­pe­ri­ên­cia das Bases Democráticas Galegas nas­cida em 2004. As Bases eram um do­cu­mento de seis pon­tos que fô­rom ade­rindo di­ver­sas or­ga­ni­za­çons in­de­pen­den­tis­tas e de es­querda. Estes pon­tos re­co­lhiam as rei­vin­di­ca­çons do di­reito de au­to­de­ter­mi­na­çom, do povo ga­lego como su­jeito so­be­rano, da de­mo­cra­cia real e par­ti­ci­pa­tiva, da plena nor­ma­li­za­çom do ga­lego, do marco ga­lego de re­la­çons la­bo­rais e de que a na­çom ga­lega nom se res­tringe às fron­tei­ras au­to­nó­mi­cas. Na prá­tica, esta ini­ci­a­tiva tra­du­ziu-se na con­vo­ca­tó­ria do dia da Pátria de 2004 rei­vin­di­cando a au­to­de­ter­mi­na­çom. Em 2005 as con­vo­ca­tó­rias fô­rom in­de­pen­den­tes de novo, mas no ano 2006 as Bases vol­tá­rom con­vo­car a ma­ni­fes­ta­çom do 25 de ju­lho, se bem nesta oca­siom sem o apoio da FPG.

O pe­ríodo 2005–2009 é o do go­verno bi­par­tido na Junta da Galiza, pre­si­dido polo PSOE e com o BNG na vice-pre­si­dên­cia cuja ca­beça vi­sí­vel era Anxo Quintana. É nesta época quando se abre o de­bate de umha re­forma es­ta­tu­tá­ria, sendo de­fen­dida do na­ci­o­na­lismo a pro­posta dum ‘Estatuto de Naçom’. É den­tro deste pro­cesso que se ativa em 2007 a ini­ci­a­tiva Causa Galiza, que nasce como pla­ta­forma su­pra-par­ti­dá­ria e de ins­cri­çom in­di­vi­dual com a in­ten­çom de aglu­ti­nar os se­to­res que nom que­rem en­trar no jogo au­to­no­mista, tendo como acordo bá­sico a rei­vin­di­ca­çom do di­reito de au­to­de­ter­mi­na­çom e da so­be­ra­nia nacional.

Durante o bi­par­tido pro­duz-se no BNG a ci­som do Movimento pola Base (MpB) que ache­gará ener­gias à pla­ta­forma. Durante vá­rios anos a pla­ta­forma au­to­de­ter­mi­nista Causa Galiza con­se­gue con­vo­car mo­bi­li­za­çons e con­ví­vios no 25 de ju­lho em que con­fluem mi­li­tan­tes das di­ver­sas or­ga­ni­za­çons do in­de­pen­den­tismo. Porém, após 2011, as di­ver­sas cor­ren­tes que in­te­gram a pla­ta­forma nom con­cor­dam no pro­jeto de fu­turo e a ini­ci­a­tiva im­plo­si­ona. O MpB so­mará-se à FPG e ou­tras or­ga­ni­za­çons para in­te­grar-se em Anova, a ci­som do BNG li­de­rada por Xosé Manuel Beiras cons­ti­tuída em 2012. Desta forma, fi­cam man­tendo Causa Galiza mi­li­tan­tes pro­vin­dos da “li­nha his­tó­rica” do in­de­pen­den­tismo, abrindo-se en­tom um pro­cesso que re­ma­tará em 2014 com a re­fun­da­çom de Causa Galiza como par­tido político.

 

Em 2015 saía um ‘Manifesto pola Unidade’, que foi as­si­nado na in­ter­net por mais de mil pes­soas, para a con­vo­ca­tó­ria do 25 de ju­lho sob a le­genda ‘A na­ción galega’

As ini­ci­a­ti­vas do na­ci­o­na­lismo
Após a XIII Assembleia Nacional do BNG, o na­ci­o­na­lismo dará pulo a ini­ci­a­ti­vas am­plas ba­se­a­das na rei­vin­di­ca­çom da so­be­ra­nia na­ci­o­nal e o di­reito de au­to­de­ter­mi­na­çom. Com o apoio de mi­li­tan­tes do na­ci­o­na­lismo e do in­de­pen­den­tismo nas­cia as­sim em 2013 a ini­ci­a­tiva so­cial Galiza pola Soberania (GpS). No seu ma­ni­festo de apre­sen­ta­çom esta nova or­ga­ni­za­çom com­pro­me­tia-se a pro­mo­ver a to­mada de cons­ci­ên­cia do povo ga­lego no pro­cesso de cons­tru­çom na­ci­o­nal “com o ob­je­tivo fi­nal de ca­mi­nhar­mos cara a umha si­tu­a­çom de so­be­ra­nia plena, fi­xada na con­se­cu­çom de um Estado ga­lego, an­ti­pa­tri­ar­cal, so­cial, laico e ra­di­cal­mente de­mo­crá­tico com base numha re­pú­blica para cons­truir­mos, de ma­neira pa­cí­fica e so­li­dá­ria, umha so­ci­e­dade justa, li­vre e ver­da­dei­ra­mente igua­li­tá­ria”. Durante o tempo que es­tivo ativa, GpS tivo um agir des­cen­tra­li­zado, em que as co­mar­cas or­ga­ni­za­vam os seus atos e mobilizaçons.

Porém, ar­re­dor des­tas ini­ci­a­ti­vas es­cu­tam-se tam­bém al­gumhas vo­zes crí­ti­cas. “Temos a im­pres­som de que por parte da di­re­çom do BNG nom exis­tia in­ten­çom de dar de­sen­vol­vi­mento a aquela ini­ci­a­tiva e a pre­ten­som era, so­bre­todo, evi­den­ciar a de­riva bei­rista”, re­flete Antom Santos, de Causa Galiza.

Neste con­texto, em 2015 sai um “Manifesto pola Unidade” para a con­vo­ca­tó­ria do 25 de ju­lho, as­si­nado na in­ter­net por mais de mil pes­soas, sob a le­genda “A na­ción ga­lega”. Nesta mo­bi­li­za­çom par­ti­ci­pá­rom mi­li­tan­tes in­de­pen­den­tis­tas e nacionalistas.

Via Galega
Em no­vem­bro de 2017 nas­cia umha nova ini­ci­a­tiva a prol da au­to­de­ter­mi­na­çom, trata-se da Via Galega. Suso Seixo é ex-se­cre­tá­rio ge­ral da CIG de 2001 a 2017 e umha das pes­soas que in­te­gram a porta-vo­zia. Ele ex­pom que o ob­je­tivo desta nova pla­ta­forma é “so­ci­a­li­zar no con­junto da so­ci­e­dade ga­lega a rei­vin­di­ca­çom da Galiza como na­çom e do di­reito de au­to­de­ter­mi­na­çom; e pa­re­cia-nos mui im­por­tante fazê-lo atra­vés das or­ga­ni­za­çons so­ci­ais”. Da Via Galega for­mam parte umhas 60 en­ti­da­des cul­tu­rais e so­ci­ais. Trata-se dum mo­delo or­ga­ni­za­tivo di­fe­rente já que nom in­te­gra par­ti­dos po­lí­ti­cos ‑como as ba­ses de­mo­crá­ti­cas- nem ads­cri­çom in­di­vi­dual ‑como a fase de pla­ta­forma de Causa Galiza‑, mas um con­glo­me­rado de co­le­ti­vos sociais.

Seixo in­dica que é tam­bém um mo­mento his­tó­rico di­fe­rente. “Todo o que tem a ver com a agu­di­za­çom da luita pola in­de­pen­dên­cia na Catalunha e a res­posta que houvo por parte do go­verno es­pa­nhol ani­mou a que se veja a ne­ces­si­dade, por parte das en­ti­da­des que se mo­vem no âm­bito do na­ci­o­na­lismo, de criar umha base so­cial am­pla que ajude a que a rei­vin­di­ca­çom do di­reito de au­to­de­ter­mi­na­çom es­teja num pri­meiro plano”, acres­centa Seixo. Também la­menta que, a pe­sar de ser cri­ada com umha von­tade de casa co­mum, haja se­to­res do na­ci­o­na­lismo, como o vin­cu­lado com as Mareas, que nom es­teja a par­ti­ci­par da iniciativa.

Mas tam­bém dal­guns se­to­res do in­de­pen­den­tismo mos­tram crí­ti­cas cara ao nas­ci­mento da Via Galega. Assim, de Causa Galiza cri­ti­cam que a ta­refa pe­da­gó­gica que quer en­ce­tar esta nova pla­ta­forma tem que es­tar in­te­grada no aci­o­nar so­cial e po­lí­tico diá­rio. Por ou­tra banda, so­be­ra­nis­tas como César Caramês acham que é umha boa ideia, mas que foi feita às presas.

E o in­de­pen­den­tismo no BNG?
Dentro da or­ga­ni­za­çom fren­tista tam­bém há quem se de­fine como in­de­pen­den­tista, e no­me­a­da­mente as or­ga­ni­za­çons Movimento Galego ao Socialismo (MGS) ou a ju­ve­nil Isca!. Élia Lago, que forma parte da mesa na­ci­o­nal de Isca!, re­flete ar­re­dor do pa­pel das or­ga­ni­za­çons in­de­pen­den­tis­tas no BNG: “Nom creio que se poda fa­lar dum ‘in­de­pen­den­tismo den­tro do BNG’ por­que a con­tra­po­si­çom in­de­pen­den­tista-nom in­de­pen­den­tista nom é o que di­fe­ren­cia os par­ti­dos que con­for­mam a frente”. Porém, acres­centa que as cor­ren­tes com um dis­curso in­de­pen­den­tista den­tro do Bloco “pro­cu­ram ache­gar as in­de­pen­den­tis­tas que es­tám ‘fora’, a modo de ponte, por­que há de­ba­tes im­por­tan­tes onde as pos­tu­ras in­de­pen­den­tis­tas ‑e tam­bém po­pu­la­res- de­vem ser re­for­ça­das”. Em com­pa­ra­çom a an­te­ri­o­res eta­pas do BNG, quando Lago ainda nom es­tava or­ga­ni­zada nele, “há ques­tons das que agora se fala e so­bre as que se tra­ba­lha que há anos nom es­ta­vam pre­sen­tes, tam­bém por­que se saía de umha etapa de mí­nimo con­fronto e ques­ti­o­na­mento do es­tado das cou­sas no marco ga­lego”. “Evidentemente”, acres­centa, “con­si­dero que o BNG in­flue po­si­ti­va­mente no con­junto do in­de­pen­den­tismo, prin­ci­pal­mente por­que fai parte do mesmo mo­vi­mento nacional”.

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Os no­vos pos­tu­la­dos so­be­ra­nis­tas se­me­lham ser um dos pon­tos chave na atual fase. Assim, Antom Santos teme que a vi­ra­gem so­be­ra­nista do BNG seja fruto de “umha ne­ces­si­dade de re­le­gi­ti­ma­çom pe­rante às suas ba­ses, que som lar­ga­mente mais ru­tu­ris­tas do que a sua di­re­çom, após a de­riva his­tó­rica au­to­no­mista que já nin­guém nega”. Assim, for­mula duas ob­je­çons: “a ine­xis­tên­cia da es­tra­té­gia de ru­tura com o Estado que ava­lize esta re­tó­rica e o facto de que a me­lhora es­ta­tu­tá­ria se­gue a ser a aposta da di­re­çom no BNG”. Santos aponta tam­bém pos­si­bi­li­da­des e ris­cos: por um lado, a pos­si­bi­li­dade de nor­ma­li­za­çom de rei­vin­di­ca­çons que em anos pas­sa­dos ban­dei­rava o in­de­pen­den­tismo, e o risco de que “se­to­res in­de­pen­den­tis­tas fi­quem pre­sos de es­tra­té­gias que, pola via dos fac­tos, as­pi­ram à re­forma estatal”.

Pola sua banda, Maurício Castro, re­fle­tindo ar­re­dor de se essa co­mu­ni­ca­çom com o na­ci­o­na­lismo será umhas das ca­ra­te­rís­ti­cas do fu­turo, acha que “na me­dida em que esse es­pa­lha­mento das ideias so­be­ra­nis­tas e in­de­pen­den­tis­tas se alar­guem para ou­tras cor­ren­tes, in­cluído o na­ci­o­na­lismo na sua ex­pres­som mai­o­ri­tá­ria se­ria umha boa no­tí­cia. Eu acho que tem que acon­te­cer essa co­la­bo­ra­çom en­torno a uns mí­ni­mos. O qual para mim nom sig­ni­fica que te­nha que cor­res­pon­der com umha ex­pres­som po­lí­tico-par­ti­dá­ria única”.

A uni­dade foi sem­pre um dos gran­des de­ba­tes no tra­di­ci­o­nal­mente fra­tu­rado mo­vi­mento in­de­pen­den­tista. Santos in­dica que, neste mo­mento em que já nom se trata de unir pe­que­nas fa­çons di­ver­gen­tes, “a uni­dade a cons­truir é a do in­de­pen­den­tismo or­ga­ni­zado com os mo­vi­men­tos po­pu­la­res e a uni­dade de açom com ou­tros agen­tes do país”.

Por acima de que nos de­di­que­mos mais ao ins­ti­tui­ci­o­nal ou que te­nha­mos mais como re­fe­rente o BNG, Anova ou o in­de­pen­den­tismo tra­di­ci­o­nal, acho que umha ques­tom ur­gen­tís­sima para este país é tra­çar pla­nos co­muns. A ní­vel ge­ral tem que ha­ver es­tra­té­gias con­jun­tas, é um sui­cí­dio nom fazê-lo”, ex­prime o ati­vista so­be­ra­nista César Caramés. Num mo­mento da con­versa, Caramés pa­ra­fra­seia Arnaldo Otegi: “o so­be­ra­nismo ga­lego nom nas­ceu para re­sis­tir, nas­ceu para ganhar”.

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