Cumpririam-se vinte anos em este 2016 da constituiçom formal da AMI. A irmá pequena no independentismo revolucionário escreveu um novo capítulo de umha história secular de inconformismo: desde o século XIX, intermitentemente, irrompem núcleos políticos na Galiza que apostam em reivindicar sem ambiguidade o nosso e fazer da militância umha forma de vida. Esta irmá pequena merece umha resenha, pois os seus mais de vinte anos de existência deixam ensinanças úteis para avançar nos tempos que correm. Tempos que, como no contexto do seu nascimento, colocam reptos duros que é um orgulho afrontar.
Tinha a AMI umha caraterística que deve ser reconhecida pola sua utilidade. Tratava-se de umha organizaçom ponte, entendendo isso como algo que possibilitou a conexom de vários pontos. Bebeu de umhas fontes, desenvolveu a sua tarefa e enlaçou até o seu final diferentes geraçons de militância. O seu passado retrotrai-nos a um panorama complexo. A AMI foi projetada em um congresso de dissoluçom e, na mesma, nasceu com tarefas ao ombro que poderiam parecer excessivas para umha simples organizaçom juvenil. Falou com normalidade em umha linguagem inédita e minoritária. Quando resultara impopular, apontou críticas e análises hoje estendidas: rechaço ao Regime do 78, direito a decidir cara a independência, assemblearismo contra a política profissional…
Colocou, aliás, um contraponto: na época em que se começava a encaixotar a juventude como etapa monograficamente devotada ao hedonismo e à evasom da realidade circundante, mostrou que a mesma podia ser sinónimo de responsabilidade e assunçom de riscos. Frente ao passotismo e a uniformizaçom complacente, formou militância com vitalidade, deixando ver que a força da mocidade é fundamental para a defesa do País. Cumpriu com acerto, AMI, o seu trabalho desde princípios da década de 90 até o ano 2014: elaborou discurso, adaptou-se às duras circunstâncias, enfrentou quase sempre em solitário a perseguiçom político-policial, mantivo-se fiel à linha histórica que a lançou, nunca se subvencionou. Desta AMI mais militante e ativada fluía poder, e com esse poder figérom-se cousas positivais em termos políticos, sociais e já históricos. Quando diferentes forças se conjugam numha organizaçom, deixando o seu legado bem marcado, esse caminho deve ser respeitado. Do exercício desse poder devém a repressom: fora das réguas estabelecidas nom se permite poder.
Desta AMI mais militante e ativada fluía poder, e com esse poder figérom-se cousas positivais em termos políticos, sociais e já históricos
É necessária a comemoraçom, mas nom avonda. Convém recordar o espírito de agradecimento coletivo, às centos de pessoas que pugérom o seu contributo à construçom nacional. Da AMI e das organizaçons irmás, este contributo lembra-nos que as passadas décadas nom fôrom de plácida assimilaçom, mas de consciente e articulada resistência. Galiza nom se deixa morrer.
Podemos e devemos reivindicar AMI hoje como referente e atualizar os seus legados centrais. Propor utopias sem disposiçom a viver o sacrifício que estas imponhem (com humildade mas com disposiçom inesgotável ao trabalho) nom leva nenhures. Nom há radicalismo prático sem radicalismo de atitudes. A irmá pequena que hoje lembramos apostou neste caminho, ao tempo que aclara que nenhuma forma associativa ‑por precisa que for- substitui o papel da organizaçom militante. Erguendo o estandarte da coerência e do compromisso, tirou para diante em momentos melhores e piores, errou muito, acertou também. O seu caminho tem lugares e tem percursos que nom devem ser esquecidos.