É bem certo que os seres humanos vemos as mudanças como ameaças, especialmente as que venhem impostas, frente às quais nom podemos fazer mais que aceitá-las e adaptar-nos. As recentes mudanças nas tarifas de acesso elétricas som um bom exemplo.
O Ministério para a Transiçom Ecológica decidiu criar umha nova estrutura de portagens de acesso que muda radicalmente o panorama, especialmente para o consumo doméstico. A nova estrutura, tanto na potência como na energia, cria novos períodos horários que, segundo a redaçom da própria norma, enviarám sinais claros aos consumidores para modificar os hábitos de consumo e desincentiva-lo nas horas em que no mix energético entram as fontes mais poluentes (nomeadamente gás natural) e as redes de transporte e distribuiçom estám mais saturadas. Empurrado polos novos períodos, quem consome deve trasladar, na medida do possível, a meirande parte da nossa dependência elétrica às horas de menor custo.
A priori, parece unha medida efetiva, tendo em conta que vivemos num período de transiçom energética em que os consumidores estamos chamados a ter um protagonismo especial. Mas logo dum mês da entrada em vigor da norma, o resultado nom é nada satisfatório. Situar os períodos de aceso mais caros nas horas centrais do dia vai contra a própria motivaçom da norma, dado que nestas horas é quando mais energia solar fotovoltaica entra no sistema elétrico, desincentivando o seu consumo, logo em sentido contrario à eficiência energética.
Na escolha dos períodos horários nom se tivo em conta os consumidores que nom podem mover consumos cara às horas mais baratas. No setor serviços, a hotelaria, salons de peiteado ou oficinas nom podem escolher; tamém se vem mui afetados o setor gadeiro e os consumidores domésticos. Estes últimos, especialmente os que contam com aquecimento elétrico por acumuladores, quando chegue o frio verám como a sua fatura se incrementa até num 38%. Tamém nom se tivo em conta o momento económico que estamos a passar, fruto da covid-19, em que a maior parte dos setores produtivos estám mais centrados em se recuperar e recomeçar de novo que nestas leas.
Na escolha dos períodos horários nom se tivo em conta os consumidores que nom podem mover consumos cara às horas mais baratas
A informaçom difundida polo próprio ministério nom chegou, ou bem nom calou na sociedade, e a confusom é a tónica geral. Aproveitando o rio revolto, as companhias mais grandes “pescam” consumidores com ofertas de preços fixos. Novamente, em contra do espírito da norma. Além disso, a resposta do mercado elétrico, justificada polos elevados preços dos mercados do gás, e dos direitos de emissom do CO2, nom pode ser mais radical. Nos últimos dias batemos recordes históricos, achegando-nos aos 100 €/MWh, o que fai que tenhamos preços de até 28 céntimos kWh no mercado regulado, cousa nunca vista.
Nom parece que a nova estrutura de portagens vaia empurrar cara à transiçom energética, senom que mais bem aponta para a criaçom de desigualdades e o aumento da pobreza energética
Nom parece, logo, que a nova estrutura de portagens vaia empurrar cara à transiçom energética. Mais bem aponta para a criaçom de desigualdades e o aumento da pobreza energética. Da esfera governamental anunciam medidas para conter a desfeita: baixa do IVE, limites aos benefícios da nuclear e hidráulica etc. Parece que todos estes parches nom obedecem a um plano de reforma integral e planificada do mercado da eletricidade. É preciso mudar as regras que permitem que as grandes empresas do setor energético amassem grandes fortunas, enquanto temos um 8% dos fogares galegos em pobreza energética ou vemos como as empresas eletrointensivas fogem do nosso território. É preciso aplicar portagens justas, tanto para quem consome como para os territórios. Nom é de recibo que a Galiza exporte umha média anual do 30% de eletricidade cara a outras zonas do estado onde nom se produze um só quilowatt, sem receber compensaçom. É preciso ter soberania energética.