A possibilidade de entender a vivência da maternidade como um ato político é ainda um terreno pouco explorado. As reivindicaçons das maes apenas aparecem refletidas nos textos políticos das organizaçons ou movimentos sociais provocando que a sua perspetiva sobre a realidade ou a colocaçom de temas como a crise dos cuidados fiquem fora do debate público e coletivo.
"Tocavam-me a barriga e agora movem-me a bata quando dou de mamar, é muito invasivo!
“O feminismo luitou durante décadas para que nom se identificasse ‘mulher’ com ‘mae’, para nom reduzir a identidade das mulheres ao seu ‘destino biológico’, e com este fim, as maes desaparecérom de qualquer discurso progressista”, aponta Patricia Merino em ‘Maternidade, Igualdade e Fraternidade’. Olhando-se entre si, as cinco mulheres mostram a sua conviçom sobre a necessidade de situar a maternidade no debate público propiciando reflexons que naturalizem o ser mae do feminismo e nom do patriarcado, como ocorre agora. Colocam de exemplo o seu próprio corpo.
-De súpeto, o meu corpo tornou público. Tocavam-me a barriga quando estava grávida e agora movem-me a bata quando lhe dou de mamar à nena. É muito invasivo! di Aida.
-Todo o mundo fala da gravidez contigo. Ouvide, tenho mais vida!”, acrescenta María. És o ser transparente que transporta a criatura, sustém Lara.
-Um recipiente de leite ‑aponta Aida que faz umha pausa para buscar a mirada das demais- E quando nem te saúdam?
Esse mesmo corpo das mães que recebe as agressons está rodeado de muitos tabus. Um deles, o seu próprio prazer. Ao estar grávida, os peitos e a vulva incham polo que resulta mais doada a estimulaçom sexual. “Redescobres-te”, explica Alba baixo a olhada cúmplice do resto, “redescobres a tua cona, botas os melhores polvos… Redescobres-te toda ti”.
Os vínculos entre a maternidade e a sexualidade costumam ficar ocultos no recuncho do que nom se deve dizer. Unha linha investigada por Casilda Rodrígañez, autora de ‘A repressom do desejo materno e a génese do estado da submissom inconsciente’, quem afirma que a “eliminaçom da dimensom libidinal da maternidade” é a chave da sua anulaçom social fazendo que o que transcenda “nom seja a real maternidade senom um sucedâneo robotizado da mesma”.