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Xunta’ esquiva nova Lei de habitaçom enquanto aumenta pressom nas principais cidades 

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Com os preços das rendas a prosseguirem a sua escalada, para o executivo galego, a Galiza nom é “território tensionado”. Isto permite aos proprietários de casas evitarem colocar limites às rendas tal como prenuncia a nova lei estatal. Enquanto o ex-presidente da ‘Xunta’ soma mais umha vivenda neste verao ao seu património e as hipotecas galegas se colocam cinco pontos acima da média do Estado, para a ‘Xunta’, a soluçom ao problema da habitaçom tem a ver com aumentar o mercado. 

Durante a se­gunda le­gis­la­tura de Feijóo, em 2014, em Compostela, um grande car­taz na rua Joam XXIII, si­tu­ado num lote va­zio, anun­ci­ava a cons­tru­çom de 40 ha­bi­ta­çons pro­te­gi­das pola Xunta. No en­tanto, dois anos de­pois, ao fi­nal da­quela le­gis­la­tura e sem que ne­nhuma obra ti­vesse co­me­çado, o car­taz, já des­gas­tado, era re­mo­vido sem qual­quer ex­pli­ca­çom. O ter­reno per­ma­nece de­so­cu­pado. Aquilo que acon­te­ceu com essa pro­mo­çom ine­xis­tente ilus­tra cla­ra­mente a abor­da­gem do PP em re­la­çom à ha­bi­ta­çom pú­blica na Galiza, que se tra­duz em pou­cos anún­cios e pro­mes­sas nom concretizadas. 

 Após a che­gada de Feijóo à Xunta, a pro­mo­çom de ha­bi­ta­çom so­cial so­freu umha drás­tica queda. Este de­clí­nio pas­sava umha men­sa­gem clara e si­len­ci­osa: o novo PP nom ti­nha qual­quer in­ten­çom de fo­men­tar este tipo de ha­bi­ta­çom no País. Ao com­pa­rar­mos com le­gis­la­tu­ras an­te­ri­o­res, seja du­rante o pe­ríodo de Fraga ou do bi­par­tido, o go­verno ga­lego con­ce­deu 1.700 qua­li­fi­ca­çons de ha­bi­ta­çom so­cial. Em al­guns anos, o nú­mero che­gou a 3.500 ha­bi­ta­çons deste tipo, como foi o caso em 2007, 1998 e 1996. 

O acesso à ha­bi­ta­çom é um dos prin­ci­pais pro­ble­mas do país. A pres­som tu­rís­tica em ci­da­des como Compostela já força es­tu­dan­tes a se des­lo­ca­rem para a periferia

Durante es­ses anos, as pro­mo­çons de ha­bi­ta­çom pú­blica so­frê­rom umha queda alar­mante. Assim, em 2018 e 2019, o nú­mero de ha­bi­ta­çons qua­li­fi­ca­das nom ul­tra­pas­sou 10 uni­da­des. O Estado, que trans­fe­riu quase to­das as suas com­pe­tên­cias em ma­té­ria de ha­bi­ta­çom para as au­to­no­mias, tam­bém acom­pa­nhou a ten­dên­cia ga­lega após o es­touro da bo­lha imobiliária. 

Atualmente, o acesso à ha­bi­ta­çom é um dos prin­ci­pais pro­ble­mas do País. A si­tu­a­çom agrava-se com a pres­são tu­rís­tica em ci­da­des como Compostela, que já força es­tu­dan­tes a se des­lo­ca­rem para a pe­ri­fe­ria, a che­gada de fun­dos de in­ves­ti­mento es­pe­cu­la­ti­vos e o aban­dono do meio ru­ral de­vido à falta de em­prego e ser­vi­ços. A Galiza en­frenta um pa­no­rama com­plexo em ter­mos ha­bi­ta­ci­o­nais e o exe­cu­tivo de Rueda (an­tes de Feijóo) nom pa­rece de­ter­mi­nado a es­ta­be­le­cer ne­nhum li­mite, prova disto é que já anun­ciou que nom ti­nha pre­visto de­cla­rar nen­gumha zona ten­si­o­nada, im­pe­dindo co­lo­car os li­mi­tes ao preço das ren­das con­tem­pla­dos pola nova lei. O pró­prio Rueda in­di­cava que nom que­ria im­por “me­di­das res­tri­ti­vas nem san­ci­o­na­do­ras para di­na­mi­zar o mer­cado de aluguer”. 

No en­tanto, ape­sar de a nova lei da ha­bi­ta­çom do PSOE e do Podemos já ter sido cri­ti­cada por di­fe­ren­tes mo­vi­men­tos so­ci­ais, como a PAH (Plataforma de Pessoas Afetadas pola Hipoteca), por a con­si­de­ra­rem pouco con­tun­dente e com pou­cas so­lu­çons para as fa­mí­lias vul­ne­rá­veis, por nom se des­ti­nar aos pe­que­nos pro­pri­e­tá­rios ou por fa­ci­li­tar con­tra­tos frau­du­len­tos para os pro­pri­e­tá­rios, foi o pri­meiro com­pro­misso de um exe­cu­tivo es­pa­nhol para in­ter­vir no mer­cado imobiliário. 

O PP ga­lego foi dos pri­mei­ros a con­tes­tar a lei me­di­ante ame­a­ças de de­so­be­di­ên­cia du­rante a cam­pa­nha pré­via às elei­çons estatais. 

A lei que aposta por im­pul­sar de novo a ha­bi­ta­çom so­cial, neste caso vi­ven­das pro­ce­den­tes do banco pú­blico SAREB com um par­que ini­cial de 50.000 ha­bi­ta­çons, sig­ni­fi­cava para Feijóo “umha me­dida in­ter­ven­ci­o­nista” e pro­pu­nha, tam­bém em cam­pa­nha, como so­lu­çom às di­fi­cul­da­des de acesso a vi­venda, a cons­tru­çom de “mais vi­ven­das para au­men­tar a oferta”. De facto, o pró­prio Feijóo em 2021 como pre­si­dente do exe­cu­tivo ga­lego van­glo­ri­ava-se da po­lí­tica ha­bi­ta­ci­o­nal de­sen­vol­vida pola Xunta de­pois de em 2021 ter con­ce­dido 40 apar­ta­men­tos protegidos. 

Neste mesmo ano, o ser­viço de con­sul­ta­do­ria a fa­mí­lias e pes­soas des­pe­ja­das (de­pen­dente do Instituto de Vivenda e Solo) que ti­nha dei­xado de fun­ci­o­nar em 2019 por de­ci­som da Xunta, era “re­con­ver­tido” em ga­bi­nete de acon­se­lha­mento a pro­pri­e­tá­rios atra­vés do te­le­fone 900 e aberto 24 ho­ras para de­nun­ciar a oku­pa­çom dos seus imó­veis num ano em que os tri­bu­nais ga­le­gos re­gis­tá­rom 73 de­nún­cias por oku­pa­çom e 850 des­pe­jos por falta de pa­ga­mento de renda e exe­cu­çons hipotecárias. 

O ser­viço de con­sul­ta­do­ria a fa­mí­lias e pes­soas des­pe­ja­das que ti­nha dei­xado de fun­ci­o­nar em 2019 por de­ci­som da ‘Xunta’ era “re­con­ver­tido” em ga­bi­nete de acon­se­lha­mento a proprietários

De facto, o go­verno es­pa­nhol já aler­tou a Xunta di­ver­sas ve­zes por nom apli­car a maior parte dos fun­dos des­ti­na­dos à pro­mo­çom de ha­bi­ta­çom pú­blica. O atual pre­si­dente da Xunta, Alfonso Rueda, res­pon­deu a es­tas crí­ti­cas ale­gando que som os al­cai­des das prin­ci­pais ci­da­des ga­le­gas –to­dos de es­querda– que nom dis­po­ni­bi­li­zam ter­re­nos para este tipo de cons­tru­çom. No en­tanto, os nú­me­ros som cla­ros: so­mente em 2020, o go­verno ga­lego dei­xou de uti­li­zar dous ter­ços dos fun­dos ce­di­dos polo go­verno do Estado para tal propósito. 

Neste mesmo ano, as hi­po­te­cas já dis­pa­rá­rom na Galiza, 32,5%, cinco pon­tos acima da mé­dia estatal. 

Este au­mento nom afeta Núñez Feijóo en­quanto pro­pri­e­tá­rio: neste ve­rão, o lí­der do PP ad­qui­ria umha nova re­si­dên­cia na Corunha. Ao fi­nal de agosto, ao de­cla­rar seus bens ao Senado, acres­cen­tava esta nova re­si­dên­cia à sua lista de pro­pri­e­da­des; esta, com as qua­tro pro­pri­e­da­des que já pos­suía, mais as seis da sua com­pa­nheira, Eva Cárdenas, com­po­nhem o seu pa­tri­mó­nio imo­bi­liá­rio. A nova pro­pri­e­dade foi a única que jun­tou a esta nova lista. Feijóo com­prou mui­tas mais açons na Inditex e de­cla­rou mais dous no­vos or­de­na­dos à mar­gem do seu sa­lá­rio público. 

Na sua re­cente fun­çom como lí­der da opo­si­çom, de­vido à pres­som me­diá­tica (algo iné­dito na Galiza), foi com­pe­lido a di­vul­gar o seu pa­tri­mó­nio, in­for­ma­çom que ten­tou ocul­tar até o tér­mino das elei­çons. Nesta nova de­cla­ra­çom, ob­serva-se que o seu pa­tri­mó­nio cres­ceu em 600.000 eu­ros em ape­nas um ano. O do­cu­mento re­flete ainda as suas par­ti­ci­pa­çons em mul­ti­na­ci­o­nais como a Telefónica e a Inditex, onde pas­sou de 2.500 para 4.000 açons no mesmo ano. 

Vistas desde um apartamento turístico no casco velho de Compostela.
Vistas desde um apar­ta­mento tu­rís­tico no casco ve­lho de Compostela.

Compostela, paradigma do turismo e da gentrificaçom 

A ca­pi­tal ga­lega re­cebe já mais tu­ris­tas por ha­bi­tante que ci­da­des como Barcelona, Palma, Granada ou Ibiza. Em con­creto no ano pas­sado, Compostela aco­lheu 1,15 tu­ris­tas por ha­bi­tante, longe dos 0,44 de Barcelona ou os 0,77 de Palma de Malhorca. Compostela des­de­se­nha-se e já dei­xou de ser uma ci­dade de es­tu­dan­tes para ser umas das ci­da­des mais ten­ci­o­na­das do Estado, e isto re­flete-se na ha­bi­ta­çom, as­sim nos úl­ti­mos anos de­sa­pa­re­cê­rom mui­tas ha­bi­ta­çons deste mer­cado para ser in­cor­po­ra­das às pla­ta­for­mas de apar­ta­men­tos tu­rís­ti­cos: an­da­res pre­cá­rios para es­tu­dan­tes, sem ne­nhum tipo de reha­bi­li­ta­çom eram trans­for­ma­dos para en­trar em Airbnb em lu­xu­o­sos apar­ta­men­tos de boas-vin­das ao turismo. 

Segundo da­dos da Federación Galega de Empresas Inmobiliarias (Fegein) atu­al­mente em Compostela há qua­tro apar­ta­men­tos tu­rís­ti­cos dis­po­ní­veis por cada alu­guer de longa du­ra­çom. O fe­nó­meno tam­bém in­fluiu no preço da vi­venda, disparando‑o na ci­dade ga­lega nos úl­ti­mos cinco anos em 22, 37% e apa­gando os es­tu­dan­tes de mui­tos bair­ros tra­di­ci­o­nal­mente universitários. 

O pre­si­dente de la Asociación Galega de Inmobiliarias (Agalin), Carlos Debasa, in­dica que “alu­gar um an­dar na ci­dade é agora inas­su­mí­vel para mui­tas pes­soas que que­rem mo­rar nela. Nom há vi­ven­das a um preço ra­zoá­vel e nos úl­ti­mos tem­pos mui­tas mu­da­ram-se para con­ce­lhos limítrofes”. 

Em Compostela há qua­tro vi­ven­das tu­rís­ti­cas dis­po­ní­veis por cada alu­guer de longa duraçom

Ainda que a Câmara mu­ni­ci­pal con­se­guia pôr freio aos alu­gue­res tu­rís­ti­cos no iní­cio do ano, re­du­zindo 42% a res­peito dos ofe­ci­dos em 2022 com a or­de­nança que os re­gu­lava, há mui­tos pro­pri­e­tá­rios que fa­zem ar­ma­di­lhas nom de­cla­rando es­tas re­cei­tas. O novo go­verno de  Goretti Sanmartín está a con­cluir uma nova or­de­nança onde fi­ca­rám de­fi­ni­dos to­dos os usos pos­sí­veis de uma ha­bi­ta­çom, nom só nos turísticos. 

O fe­nó­meno de Compostela re­pete-se tam­bém nas ci­da­des da faixa atlân­tica, sendo a Corunha a ci­dade com os pre­ços mais ca­ros, a  9,35€/m2, se­guida de Vigo com 9,30€/m2. 

A lista in­verte-se no caso da venda, ocu­pando Vigo a pri­meira po­si­çom che­gando aos 1.945€/m2 e a Corunha aos 1.880€/m2. 

A ou­tra face da mo­eda que re­ve­lou a nova Ley de Vivienda é que na Galiza há 24.000 “gran­des te­ne­do­res”, quer di­zer pes­soas  que pos­suem mais de dez ha­bi­ta­çons. A lei con­tem­pla nesta ca­te­go­ria tam­bém as pes­soas com um mí­nimo de cinco pro­pri­e­da­des em zo­nas qua­li­fi­ca­das omo “ten­si­o­na­das”. 

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