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Os fluxos nom implícitos nos saldos fiscais

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Quando se de­bate so­bre ba­lan­ças fis­cais, existe umha ten­dên­cia a em­pre­gar o saldo fis­cal[1] como o es­pe­lho onde se re­fle­tem to­dos os flu­xos eco­nó­mi­cos que se dam en­tre um ter­ri­tó­rio e o resto dos ter­ri­tó­rios que com­po­nhem um Estado. Este facto pro­voca que àque­las ou­tras re­la­çons que se pro­du­zem en­tre Comunidades Autónomas, no caso es­pa­nhol, e que te­nhem umha im­por­tante in­ci­dên­cia so­bre os sal­dos que ofe­re­cem as pró­prias ba­lan­ças fis­cais, nom seja atri­buída a im­por­tân­cia me­re­cida, tendo em conta que es­tas som ful­crais nos pro­ces­sos de descentralizaçom.

Estoutras re­la­çons es­tám di­re­ta­mente re­la­ci­o­na­das com a po­lí­tica de des­pe­sas pú­bli­cas que leva a cabo a Administraçom Central numha Comunidade Autónoma. Concretamente, quando a Administraçom Central exe­cuta um in­ves­ti­mento em in­fra­es­tru­tu­ras atra­vés de em­pre­sas pri­va­das, ge­ram-se umha sé­rie de flu­xos eco­nó­mi­cos que re­gres­sam ao ter­ri­tó­rio onde se lo­ca­liza a em­presa con­tra­tante ou as em­pre­sas for­ne­ce­do­ras desta. Tais flu­xos cor­res­pon­de­riam, por umha parte, às de­no­mi­na­das des­pe­sas ge­rais, que fam re­fe­rên­cia à parte das des­pe­sas que man­tém a sede cen­tral da em­presa de­vido ao de­sen­vol­vi­mento e ges­tom da exe­cu­çom dum pro­jeto e, pola ou­tra, ao lu­cro in­dus­trial que se ob­tém da pró­pria li­ci­ta­çom de obra e que se acu­mu­la­riam, numha pri­meira fase, na­que­les ter­ri­tó­rios onde se ra­dica a sede cen­tral da em­presa. As soma des­tes dous flu­xos pode ser de­no­mi­nada como flu­xos in­ter­ter­ri­to­ri­ais ocul­tos.

Quando a Administraçom Central exe­cuta um in­ves­ti­mento em in­fra­es­tru­tu­ras atra­vés de em­pre­sas pri­va­das, é ge­rada umha sé­rie de flu­xos eco­nó­mi­cos que re­gres­sam ao ter­ri­tó­rio onde se lo­ca­liza a em­presa con­tra­tante ou as suas fornecedoras. 

O ponto ful­cral re­side em que a ati­vi­dade eco­nó­mica li­gada à exe­cu­çom do in­ves­ti­mento re­pre­sen­tou nas úl­ti­mas dé­ca­das (e na atu­a­li­dade) umha peça fun­da­men­tal da eco­no­mia es­pa­nhola, e a re­a­li­dade é que a lo­ca­li­za­çom das em­pre­sas ad­ju­di­ca­tá­rias nom se se en­con­tra equi­dis­tri­buída ter­ri­to­ri­al­mente, ante polo con­trá­rio, apre­sen­tam umha for­tís­sima con­cen­tra­çom num nú­mero re­du­zido de Comunidade Autónomas ou cidades.

Neste sec­tor, em par­ti­cu­lar as gran­des em­pre­sas da Construçom e Infraestruturas (p. ex. as agru­pa­das na SEOPAN), está ra­di­cado prin­ci­pal­mente na ca­pi­tal do Estado e, por­tanto, cabe for­mu­lar a hi­pó­tese de que Madrid tem vindo a tor­nar-se o prin­ci­pal ter­ri­tó­rio onde se con­cen­tra­riam a mai­o­ria dos flu­xos in­ter­ter­ri­to­ri­ais ocul­tos, agindo es­tes como desenvolvimento/motor do sec­tor da cons­tru­çom e a in­dús­tria e ser­vi­ços as­so­ci­a­dos a esse sec­tor lo­ca­li­zado na ca­pi­tal, cons­ti­tuindo umha das suas es­pe­ci­a­li­za­çons pro­du­ti­vas mais relevantes.

Desde 2005 até 2012, a li­ci­ta­çom de obra pú­blica da Administraçom Central  na Galiza si­tuou-se em mé­dia em 931 mi­lhons de eu­ros e al­can­çando um vo­lume to­tal de 7.054 mi­lhons de eu­ros. Ao mesmo tempo, pode-se des­ta­car que das 20 prin­ci­pais em­pre­sas be­ne­fi­ciá­rias es­pa­nho­las, ca­torze ti­nham a sua sede so­cial e a sua sede cen­tral em Madrid, des­ta­cando-se o grupo ACS, a prin­ci­pal em­presa ad­ju­di­ca­tá­ria, Acciona, FCC e Ferrovial. Por ou­tra parte, cinco de­las es­ta­vam si­tu­a­das na Galiza, sendo a Copasa a em­presa ga­lega com mais vo­lume de ad­ju­di­ca­çons e se­guida pola Puentes y Calzadas, San José, OCA e Taboada y Ramos. No caso das em­pre­sas ga­le­gas é fun­da­men­tal as­si­na­lar que qua­tro de­las ti­nham ser­vi­ços cen­trais em Madrid. Finalmente, ha­ve­ria umha as­tu­ri­ana, a Coprosa.

Privatizaçom dos ser­vi­ços públicos

Sendo o caso do in­ves­ti­mento em in­fra­es­tru­tu­ras o mais re­le­vante para as­si­na­lar a exis­tên­cia dos flu­xos in­ter­ter­ri­to­ri­ais ocul­tos, há ainda ou­tros ca­sos em que es­tes som tam­bém gerados. 

Existe um gasto re­le­vante tanto da Junta, e em ge­ral dos go­ver­nos re­gi­o­nais, como dos di­fe­ren­tes Concelhos, que vai ori­en­tado a pro­por­ci­o­nar um ser­viço pú­blico atra­vés da pri­va­ti­za­çom do mesmo, o que aca­ba­ria por pro­mo­ver, tam­bém neste caso, a exis­tên­cia dos flu­xos in­ter­ter­ri­to­ri­ais ocul­tos. A pri­va­ti­za­çom de ser­vi­ços pú­bli­cos, dá-se por exem­plo, no ám­bito mu­ni­ci­pal atra­vés da con­ces­som a em­pre­sas pri­va­das da ges­tom da auga, ilu­mi­na­çom ou lim­peza, onde de novo, as gran­des em­pre­sas cons­tru­to­ras ra­di­ca­das em Madrid atra­vés dos seus res­pe­ti­vos de­par­ta­men­tos som as prin­ci­pais be­ne­fi­ciá­rias. Mas esta pri­va­ti­za­çom de ser­vi­ços pú­bli­cos tam­bém se deu nou­tro sec­tor de grande im­por­tán­cia para a so­ci­e­dade, como é a saúde. Deste jeito, ce­le­brá­rom-se con­tra­tos com di­ver­sas em­pre­sas com o ob­je­tivo de ex­ter­na­li­zar de­ter­mi­na­das ati­vi­da­des que te­nhem a ver com a ges­tom e ma­nu­ten­çom da saúde pública.

Estes sim­ples da­dos evi­den­ciam a pro­funda con­cen­tra­çom que se dá em Madrid das em­pre­sas li­ga­das ao sec­tor da cons­tru­çom de in­fra­es­tru­tu­ras e de ser­vi­ços pú­bli­cos, e como este fe­nó­meno é pro­mo­vido pola pró­pria ati­vi­dade or­ça­men­tal da Administraçom Central, daí re­sul­tando im­por­tan­tes con­sequên­cias nos flu­xos eco­nó­mi­cos que se dam en­tre os di­fe­ren­tes ter­ri­tó­rios e, claro, na di­ná­mica de cres­ci­mento económico.

A teó­rica po­lí­tica de “so­li­da­ri­e­dade in­ter­ter­ri­to­rial” pro­mo­veu a con­ti­nua con­cen­tra­çom das em­pre­sas con­ces­si­o­ná­rias na ci­dade de Madrid, ge­rando ao mesmo tempo im­por­tan­tes cír­cu­los vir­tu­o­sos na eco­no­mia madrilena

De forma con­clu­dente, a teó­rica po­lí­tica de “so­li­da­ri­e­dade in­ter­ter­ri­to­rial” que re­a­li­za­ria a Administraçom Central atra­vés do gasto pú­blico exe­cu­tado por em­pre­sas pri­va­das, pro­mo­veu a con­ti­nua con­cen­tra­çom e cen­tra­li­za­çom das em­pre­sas con­ces­si­o­ná­rias na ci­dade de Madrid e que esta se te­nha tor­nado o prin­ci­pal ter­ri­tó­rio re­ce­tor do que fô­rom de­no­mi­na­dos como flu­xos in­ter­ter­ri­to­ri­o­ais ocul­tos, ge­rando ao mesmo tempo im­por­tan­tes cír­cu­los vir­tu­o­sos na eco­no­mia ma­dri­lena. Por esta ra­zom, de­vido ao im­pacto que tem se­me­lhante fe­nó­meno na di­ná­mica de cres­ci­mento eco­nó­mico da Comunidade ma­dri­lena e no resto dos ter­ri­tó­rios, é fun­da­men­tal ter em conta tais flu­xos quando se ana­li­sam os sal­dos fis­cais in­ter­re­gi­o­nais e o im­pacto no cres­ci­mento eco­nó­mico que tem o gasto pú­blico regional.


[1]     Saldo fis­cal: di­fe­rença en­tre as re­cei­tas fis­cais pro­por­ci­o­na­das por um ter­ri­tó­rio à Administraçom Central e as des­pe­sas em bens e ser­vi­ços e in­ves­ti­men­tos que leva a cabo a Administraçom Central nesse ter­ri­tó­rio. Quando as re­cei­tas pro­por­ci­o­na­das su­pe­ram as des­pe­sas re­ce­bi­das, diz-se que um ter­ri­tó­rio man­tém um de­fi­cit na sua ba­lança fis­cal; quando acon­tece o con­trá­rio, o ter­ri­tó­rio man­tém um su­pe­ra­vit na ba­lança fiscal.

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