Brais Morán vem de editar o seu segundo disco em solitário, ‘No Mato do desespero’, que é o resultado dumha longa carreira e dumha evoluçom tam constante como enriquecedora. África, Galiza e Brasil som os três lugares de referência dum trabalho com o que pretende abrir fronteiras.
Começache a tua andaina no ano 97. Som já mais de 20 anos de carreira musical. O que levas contigo deste tempo?
O que levo comigo é umha forma de vida absoluta. Para mim a música já é umha necessidade, um trabalho diário. Vivo a pensar em criar, em músicas, em sons, e o melhor de todos estes anos foi poder transmitir ao público o que ia criando.
‘Cruzando o eclipse’ foi o teu primeiro disco em solitário e agora sacas ‘No Mato do desespero’. Como foi a transiçom entre um e outro trabalho?
O primeiro disco foi mais raivoso, queria-me diferenciar um bocado da minha etapa anterior e dar-me a conhecer como Brais Morán em solitário, assim que foi um disco que saiu bastante roqueiro. A vida pedia-me fazer esse tipo de disco, e foi um eclipse também de personalidade. ‘No Mato do desespero’ chega dous anos despois, e nele há umha clara homenagem a Narf. Também há um paralelismo muito grande com África e com o Brasil, que em certa medida já fazia junto com Loretta Martin, porque estivem misturado com o mundo lusófono e com a latinofonia. Sempre gostei de abrir fronteiras com o galego. A nossa é umha língua que se fala em Buenos Aires, na Suíça, em Montevideu, em Moçambique… Fala-se em tantos sítios e pode chegar tam longe!
Com certeza, a Galiza é umha constante nas tuas músicas. Qual é a mensagem que tentas mandar a respeito da terra?
Na Galiza, nestes últimos anos, há umha cousa muito boa e também umha outra bem precária. A boa é que a cada vez há mais projetos de música em galego, que usam a língua naturalmente. A parte precária é a industria. Vivemos num momento em que o público só vai aos festivais de verao e nom quer escuitar os projetos de aqui. Falta apoio industrial e, nesse sentido, a minha mensagem para a Galiza é abrir fronteiras da nossa terra, abrir-nos ao mundo, porque somos do mundo.
Neste ultimo trabalho contas muitas histórias formosas e outras que nom o som tanto. Qual seria a história que ficou atrás?
Afinal os músicos sempre estamos a falar do mesmo: da música, ou do momento em que está a profissom. Fica ainda muito para que o pessoal entenda o que significa, e há que acostumar o público a escuitar música nova e diferente, para além dos espetáculos de massas. Às vezes as redes sociais nom som proporcionais com o que se passa na realidade. Podes ser um autêntico fenómeno nas redes, ter umha cheia de visitas, mas se calhar num concerto tés duas pessoas. Falta que se saiba que a música é umha profissom, faltam legalidades. Essa seria umha boa história para contar.