‘Oceanoe: Travessia polo mar das Antelas’ é o projeto que, desde A Arca da Noe impulsa Noemi Vázquez, junto a uma equipa que deu um passo adiante em tempos difíceis para a cultura. O resultado, um livro-cd que combina literatura e música, com um relato que passa polo imaginário ‘mar’ das Antelas e as vozes de mais de 50 músicas de reconhecido prestígio no panorama musical galego e peninsular. A campanha, já disponível em ‘Verkami’, chama agora polas marinheiras para “vogar”.
Por que o formato de livro-cd e com que objetivo nasce esta grande empresa?
Durante a pandemia, ao termos que trabalhar num formato mais pequeno, deu tempo para refletir sobre como levar a cabo um projeto que compilasse colaborações de artistas, que já nos tinham ajudado com os seus diferentes tipos de música, durante estes sete anos de travessia, a definir a alma artística da Arca. Assim ficará o espírito em forma de matéria.
A Límia e a lagoa da Antela são as ‘conditio sine qua non’ de ‘Oceanoe: Travessia polo mar das Antelas’. Até que ponto jogam a música e a arte um papel fundamental na hora de visibilizar este património e por que é vital a existência de lugares coma ‘A arca’?
É uma nova maneira de fazer visível o património da nossa comarca, já que através da gravação dos videoclipes nos locais escolhidos dão-se a conhecer espaços que só as de cá conhecemos, e nem sempre; e, através do Caderno de Bitácora da viagem da Arca polo mar das Antelas, estas localizações passam a ser protagonistas duma navegação mítica pola Límia.
A Arca é um espaço de encontro entre gerações diversas; pessoas de cá e de lá que exploram ideias, artistas e espetadoras, que se calhar passem a serem artistas; produtoras e compradoras, que também, se calhar passem a desenvolverem um projeto próprio. Afinal de contas, é um espaço de convívio de pessoas, ideias, projetos e vidas. Há que vir para sentir.
Música, gastronomia de proximidade, arte, literatura, audiovisual… e todo sem sair de uma aldeia de 800 habitantes. Como valoras os sete anos de atividade da Arca?
Cá estamos! A valoração final é positiva: permitiu-nos desenvolver a nossa ânsia de fazer da aldeia um centro do mundo cultural galego. Também não vamos dizer que não exige muito esforço e que economicamente, por momentos, consome mais do que dá. É uma questão de escolha: se a pessoa que está a gerir o local gosta tanto do que faz que prefere continuar para frente com o projeto, apesar dos sacrifícios que lhe supõe ou, passado um tempo, fica desiludida com a quantidade imensa de trabalho e a falta de segurança económica. No meu caso, fica claro qual é a opção eleita.
Qual o futuro do projeto e quais as necessidades para continuar adiante nestes tempos difíceis?
A navegar! Depois das voltas deste ano observamos que os concertos podem funcionar de outro jeito, com reservas prévias que garantam um público e um dinheiro fixo. Desde junho de 2020 estamos a organizar refeições-concerto ou refeições-contos com grande sucesso, com o qual a Arca não sofreu tanto como tínhamos previsto no início do estado de emergência. Outra estratégia, levada a cabo nos meses de janeiro e fevereiro, foi a de servir comida para levar. Nessa altura foi quando reparamos na rede de pessoas que apoia a Arca, fundamental para a manutenção da nave. Durante os piores meses foram estas pessoas a tripulação que manteve o rumo da nau e não nos deixou afundar. A pandemia ajudou-nos a compreender como gerir melhor o local, as atividades e as nossas vidas. Se toda a malta que nos ajudou nos piores momentos, continua a apoiar, o futuro do projeto está assegurado.