
Neste mês quigemos que o nosso olhar atravessasse o oceano Atlântico e refletir na vitória eleitoral de um ex-militar de extrema-direita no Brasil. Para um projeto informativo como o nosso, esta decisom parte da responsabilidade de pararmos a refletir sobre o que acontece no mundo num momento em que os discursos da extrema-direita estám a encontrar umha renovaçom que permite vitórias eleitorais como a do Jair Bolsonaro no Brasil. Vitórias como esta, e a presença em postos de poder executivo de representantes políticos como Donald Trump, Matteo Salvini ou Viktor Orban, alertam de que umha nova extrema-direita está a conformar espaços de poder e de decisom política. Umha vaga conservadora que vê nas pessoas migrantes, nas sexualidades nom normativas, na decisom das mulheres sobre o seu corpo, na dissidência política e em todo aquilo que pretenda abrir fendas no sistema umha ameaça para a ordem e o progresso do capitalismo e das estruturas de poder patriarcal, como é o caso da família tradicional.
Olhar cara ao Brasil tem também nestes momentos algo de olhar-se num espelho. Há elementos que permitírom o ascenso das opçons políticas reacionárias que talvez nom sejam desconhecidas nesta beira do Atlântico. A corrupçom nos grandes partidos do sistema, o fracasso da socialdemocracia em desenvolver umha agenda progressista, a dificuldade da esquerda para encabeçar grandes mobilizaçons sociais ou a judicializaçom da política, assim como o facto de nom existir umha perseguiçom judicial para os crimes de umha ditadura passada, som elementos que nom som de todo alheios à nossa realidade. Para frearmos o ascenso da vaga conservadora é necessário dotarmo-nos de ferramentas de análise que permitam umha boa compreensom do ecossistema político atual. Assim, torna imprescindível olharmos para o mundo e agirmos para espantar trevas que já estivérom presentes no passado.