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Confiar no povo

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Em tem­pos de cres­cente in­di­vi­du­a­lismo e de efé­mera me­mó­ria, as lui­tas co­le­ti­vas se­me­lham quase umha en­te­lé­quia. É no com­bate a esse re­lato frag­men­tá­rio, pró­prio dos ecráns e da alta ve­lo­ci­dade da co­ne­xom a in­ter­net, onde um jor­nal como o nosso en­con­tra umha das suas ra­zons de ser: lem­brar cada mês que o nosso país está cheio de pes­soas a se or­ga­ni­zar e a cons­truir al­ter­na­ti­vas, a pro­du­zir te­o­ria e praxe crí­tica, a mos­trar so­li­da­ri­e­dade com os po­vos que re­sis­tem o vo­raz avanço do capital.

Num mo­mento em que os vín­cu­los pes­so­ais es­tám a cada vez mais me­di­a­dos po­las gran­des em­pre­sas tec­no­ló­gi­cas e os al­go­rit­mos das suas pla­ta­for­mas vir­tu­ais, ainda a rua con­ti­nua e con­ti­nu­ará a aco­lher rei­vin­di­ca­çons po­pu­la­res de jus­tiça so­cial. A luita por um con­vé­nio digno no sec­tor da con­serva ou a ex­tensa re­sis­tên­cia vi­zi­nhal con­tra os eó­li­cos som exem­plos de que o povo ga­lego con­ti­nua vivo e cons­ci­ente do seu futuro.

Lembrar que a rua, o mar, o monte e todo o ter­ri­tó­rio do nosso país con­ti­nuam a ser um ce­ná­rio de con­flito so­cial pode abrir as por­tas que le­vem a aban­do­nar a re­a­li­dade de­for­mada dos smartpho­nes e as suas apps. Portas que le­vem ao ca­mi­nho do re­en­con­tro, re­con­fi­gu­rem a ca­pa­ci­dade de luita da classe tra­ba­lha­dora e for­ne­çam de aços para acer­tar nos no­vos di­le­mas so­ci­ais que se apresentam.

Talvez se­jam tem­pos de so­nhar com der­ru­bar os va­la­dos vir­tu­ais e dei­xar que se es­pa­lhe a cer­teza de que o mundo nom re­ma­tará e re­sis­tirá os em­ba­tes do po­der ne­o­li­be­ral. Tempos de con­fiar na vida, no fu­turo e na in­fi­nita sede de jus­tiça do povo galego.

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