Como se poderám definir os nossos tempos quando as mobilizaçons contra a banca, guia do capitalismo, som precisamente para exigir o seu serviço? Este é o paradoxo que está a acontecer em diferentes vilas e concelhos com pouca populaçom, onde as antigas caixas de aforros, agora bancos, venhem avançando num processo de progressiva digitalizaçom e poupança de trabalhadoras e oficinas. E é difícil fugir da necessidade deste serviço: qualquer trabalho convencional exige ter umha conta bancária. Para as entidades bancárias que maximizam os seus lucros já nom é de interesse a clientela que só quer um lugar onde depositar pequenos aforros ou receber umha nómina. Fecham oficinas, incrementam comissons, obrigam a percorrer quilómetros para o atendimento em pessoa e oferecem a banca eletrónica como alternativas para zonas com má conexom a internet ou para usuárias sem conhecimentos informáticos. Todo isto som exemplos esclarecedores do que acontece quando ficam em maos privadas os serviços à cidadania.
Onde estám as instituiçons que deveram enfrentar a usura para poder manter o acesso ao dinheiro da vizinhança numhas condiçons dignas? O rural precisa de serviços para poder fazer desejável e até viável a vida nele.
Som muitos os desafios que sobrevoam como abutres as terras vizosas do nosso país. A sua estratégia é dificultar a vida no rural até o ponto de desincentivar a permanência nele, fomentar a emigraçom das geraçons mais novas, projetar as expectativas de futuro em cidades e assim fazer mais singela a rapinar dos recursos sem oposiçons nem hostilidades. Com certeza, a dispersom populacional do nosso país tem sido umha ferramenta estratégica para a defesa da terra e a sustentabilidade. Defende-se a terra porque está habitada. Porque a terra somos nós. Mas a lógica neoliberal mantém os seus ataques, joga ao desgaste e ao desânimo: assim continuam a fechar pequenas explotaçons agrárias e gadeiras porque os preços marcam-se desde acima, sendo apenas suportáveis por macroexploraçons, procurando a concretraçom da propriedade em poucas maos. Eliminam-se transportes públicos: eis a celebraçom polo AVE entre Ourense e Madri, enquanto nom há articulaçom territorial nenhuma no país. O simbolismo é terrível: umha linha rápida para ir servir fora força de trabalho na metrópole, enquanto se deixa atrás um país de terreno fértil e recursos a esgalha. Mas ferrado a ferrado, tratorada a tratorada, este povo porfia na resistência. Contra todo prognóstico e contra toda a contruçom simbólica que quigérom fazer sobre nós, de docilidade e mansedume, o povo galego encorna contra o que pretende levar o vinho sem apanhar as uvas.