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Milhares de reclamaçons contra o cartel do leite

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al­vite

Em julho de 2019 a comissom estatal do Mercado e a Competência (CNMV) sancionava oito empresas e duas associaçons por alterar o funcionamento do mercado leiteiro e pactar os preços do leite entre os anos 2000 e 2013. Esta resoluçom encontra-se recorrida polas próprias indústrias perante a Audiência Nacional mas as exploraçons gandeiras estám a iniciar as reclamaçons judiciais do dinheiro que se lhes adeveda. 

A re­so­lu­çom de Competência do ano pas­sado ex­pom vá­rios exem­plos de co­mu­ni­ca­çons en­tre as di­ver­sas em­pre­sas lác­teas que de­mons­tram a exis­tên­cia de acor­dos en­tre elas du­rante o pe­ríodo de 2000 a 2013. Segundo esta re­so­lu­çom, que re­co­lhe da­dos de co­mu­ni­ca­çons ele­tró­ni­cas e do­cu­men­tos ma­nus­cri­tos apre­en­di­dos nas em­pre­sas, se­riam três os as­pe­tos so­bre os quais as in­dús­trias lei­tei­ras es­ta­riam a in­ter­cam­biar in­for­ma­çom, com im­por­tan­tes re­per­cu­sons no mer­cado lei­teiro: so­bre pre­ços e con­di­çons co­mer­ci­ais, so­bre gan­dei­ros ‑com da­dos a res­peito da sua iden­ti­dade, dos vo­lu­mes ad­qui­ri­dos ou das es­tra­té­gias para com eles‑, e so­bre ex­ce­den­tes com a in­ten­çom de che­gar a acor­dos para a sua gestom. 

A aná­lise de Competência so­bre os efei­tos no mer­cado afirma que “as prá­ti­cas des­cri­tas pro­vo­cá­rom cla­ros efei­tos no mer­cado de apro­vi­si­o­na­mento de leite de vaca cru, e os pre­ju­di­ca­dos mais di­re­tos por es­tes atos ilí­ci­tos fô­rom os gan­dei­ros, aos quais se lhes im­pe­diu ne­go­ciar li­vre­mente o preço e es­co­lher cli­en­tes em fun­çom do mesmo, e, por­tanto, ví­rom-se pri­va­dos das van­ta­gens do li­vre mer­cado que, em con­di­çons de com­pe­tên­cia, po­de­riam ter su­posto a per­ce­çom dum preço maior, em épo­cas de es­cas­seza, ou tra­tar de evi­tar que­das de pre­ços do seu pro­duto em época de abun­dân­cia, mu­dando de cliente”. 

A re­so­lu­çom de Competência do ano pas­sado re­co­lhe co­mu­ni­ca­çons ele­tró­ni­cas e do­cu­men­tos apre­en­di­dos nas pró­prias empresas

Deste jeito, Competência acor­dou san­ci­o­nar as em­pre­sas Calidad Pascual SA, Central Lechera de Galicia SL, Corporación Alimentaria Peñasanta, Danone SA, Grupo Lactalis Iberia SA, Nestlé España SA, Industrias Lácteas de Granada SLU e Schreiber Food España SL, e as as­so­ci­a­çons Asociación de Empresas Lácteas de Galicia e Gremio de Industrias Lácteas de Cataluña. Em to­tal, o con­junto das san­çons su­pe­ram os 80 mi­lhons de eu­ros. Competência tam­bém de­ta­lha a par­ti­ci­pa­çom nes­sas con­ver­sas de em­pre­sas como Industrias Lácteas Asturianas (ILAS), Leite Río, Feiraco ou Leite Celta, mas as suas in­fra­çons te­riam pres­crito. Atualmente, esta san­çom en­con­tra-se re­cor­rida pe­rante a Audiência Nacional por parte das em­pre­sas, logo ainda nom é firme. 

Reclamaçons ju­di­ci­ais

Um ano de­pois da re­so­lu­çom de Competência está a pi­ques de re­ma­tar ‑pode pro­lon­gar-se até fi­nais de se­tem­bro pola pa­rá­lise du­rante o con­fi­na­mento- o prazo em que as ex­plo­ra­çons gan­dei­ras po­dem ini­ciar o pro­cesso de re­cla­ma­çom das quan­ti­da­des de di­nheiro per­di­das pola ati­vi­dade das em­pre­sas san­ci­o­na­das, que mer­ca­vam o leite por uns pre­ços que nom ga­ran­tiam os cus­tes de pro­du­çom. Roberto García, se­cre­tá­rio ge­ral de Unións Agrarias (UUAA), con­ta­bi­li­zava a co­me­ços de ju­lho umhas 3.000 re­cla­ma­çons. “Estamos a ter as ofi­ci­nas des­bor­da­das”, ex­pom. “Quando co­me­çá­mos pen­sei que só re­cla­ma­riam os ju­bi­la­dos que ti­nham aban­do­nado a ati­vi­dade, po­rém, es­ta­mos a en­con­trar que a imensa mai­o­ria som gan­dei­ros em ativo”, as­si­nala García. UUAA é umha das or­ga­ni­za­çons cuja de­manda ini­ciou o pro­cesso que re­ma­tou com a san­çom de Competência. 

Assim, o pro­ce­di­mento de re­cla­ma­çom ini­cia-se com a co­mu­ni­ca­çom da in­ter­ru­çom da pres­cri­çom. Depois ha­ve­ria que for­mu­lar a de­nún­cia mer­can­til, que po­de­ria ser con­tra umha em­presa con­creta ou con­tra o con­junto do car­tel. As or­ga­ni­za­çons agrá­rias ex­po­nhem que esta se­gunda op­çom se­ria a pre­fe­rí­vel pois deixa a ex­plo­ra­çom gan­deira num me­nor risco de re­pre­sá­lia di­reta e, ade­mais, tam­bém po­de­riam re­cla­mar ex­plo­ra­çons que ti­ves­sem con­tra­tos com in­dús­trias di­fe­ren­tes aos do car­tel ex­posto na re­so­lu­çom de Competência pois te­riam-se visto pre­ju­di­ca­das po­las suas ati­vi­da­des anti-com­pe­ti­ti­vas. Se a san­çom de Competência é con­fir­mada pola Audiência Nacional, a exis­tên­cia das prá­ti­cas anti-com­pe­ti­ti­vas fi­ca­ria pro­vada e os pro­ce­di­men­tos de re­cla­ma­çom po­de­riam cen­trar-se nas quan­tias de indemnizaçom. 

Pola sua banda, o Sindicato Labrego Galego (SLG) co­me­çou em no­vem­bro do ano pas­sado a re­a­li­zar as­sem­bleias co­mar­cais in­for­ma­ti­vas so­bre as re­cla­ma­çons de in­dem­ni­za­çom pola ati­vi­dade do car­tel do leite. No seu caso, fa­ci­li­tam às ex­plo­ra­çons in­te­res­sa­das nas re­cla­ma­çons o con­tacto dum ga­bi­nete de ad­vo­ga­dos, com ex­pe­ri­ên­cia em di­reito mer­can­til. Xulio Fernández, que co­or­dena a di­re­çom do leite neste sin­di­cato, sa­li­enta que nas úl­ti­mas as­sem­bleias “pra­ti­ca­mente to­dos aque­les que as­sis­tem ani­mam-se a denunciar”. 

As prá­ti­cas mantenhem-se

A re­so­lu­çom do ano pas­sado de Competência re­co­lhe prá­ti­cas de mo­di­fi­ca­çom do mer­cado lei­teiro no tempo que de­corre en­tre 2000 e 2013. Porém, as or­ga­ni­za­çons agrá­rias con­sul­ta­das de­nun­ciam que es­sas prá­ti­cas pró­prias dum car­tel con­ti­nuam na atu­a­li­dade. “As prá­ti­cas que es­ta­mos a per­se­guir pe­nal e eco­no­mi­ca­mente po­dem es­tar re­pe­tindo-se atu­al­mente mas nom te­mos ca­pa­ci­dade para de­mons­trá-lo”, ex­pom Roberto García, das UUAA, como sim que foi de­mons­trado no pe­ríodo ci­tado atra­vés da apre­en­som de co­mu­ni­ca­çons e do­cu­men­tos re­a­li­za­dos por Competência.

Se nom há in­ter­fe­rên­cias no mer­cado o gan­deiro, po­de­rias mu­dar li­vre­mente de em­presa quando qui­ges­ses”, ex­póm Xulio Fernández, do SLG, so­bre a si­tu­a­çom atual no mer­cado do se­tor lei­teiro. “Também se hou­vesse com­pe­tên­cia no mer­cado os pre­ços se­riam mais va­riá­veis dumha in­dús­tria a ou­tra, nom te­riam uni­for­mi­dade, quando baixe umha nom bai­xa­riam to­das ao mesmo ní­vel”, salienta.

As or­ga­ni­za­çons agrá­rias con­sul­ta­das de­nun­ciam que as prá­ti­cas pró­prias dum car­tel con­ti­nuam na atu­a­li­dade e que con­ti­nuam a co­me­ter-se abu­sos às ex­plo­ra­çons gan­dei­ras por parte da in­dús­tria leiteira

Ambas as duas or­ga­ni­za­çons te­nhem sido co­nhe­ce­do­ras re­cen­te­mente dum novo mo­vi­mento de in­dús­tria lei­teira de bai­xada de pre­ços. Segundo sa­li­en­tam, as in­dús­trias ex­cu­sa­riam-se nas mo­di­fi­ca­çons de fe­ve­reiro da Lei de Cadeia Alimentar ‑que en­tre ou­tras me­di­das obriga a es­ta­be­le­cer umha cláu­sula em que se re­co­lha que o preço pa­gado co­bre os cus­tes de pro­du­çom- para mo­di­fi­car os con­tra­tos e pro­por uns no­vos com pre­ços mais baixos. 

Nestes me­ses en­con­tram-se em dis­cus­som no­vas mo­di­fi­ca­çons da Lei de Cadeia Alimentar. Num se­tor como o lei­teiro, mar­cado pola falta de ca­pa­ci­dade de ne­go­ci­a­çom dos pro­du­to­res, fica muito por avan­çar para atin­gir um preço justo para o leite. 

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