Ao chegar a Compostela
Guiava-me pola lua
e na rua de sam Pedro
meteu-me na casa tua.
(Malvela)
Que difícil falar sobre como vejo e vivo a militância e a convivência no Bairro de Sam Pedro sem começar a falar da macro-turistificaçom e a gentrificaçom, das obras de Concheiros, da Casa do Matadoiro… Já o figem; nom ficava alternativa.
Sempre fomos conscientes de que o Bairro é a porta dumha das principais rotas de entrada do Caminho de Santiago, porque o sentimos nas ruas e também o sofremos (ultimamente só isso último) e nom só, mas também como vam mudando os espaços, as ruas, as casas que já nom habitamos porque já nom som para quem vive aqui, mas para quem está de passagem.
Assistimos impotentes à “obra de Concheiros” que só tinha como fim decorar a última parte do caminho, ignorando as necessidades que tínhamos como vizinhança. E assim ficou também…
Dados oficiais do Concelho cifram em 160.000 as pessoas que entrárom por essa rota o ano passado. E eu pergunto-me: se este sábado tomando um café na churraria vim passar unhas 1.000 pessoas no espaço de umha hora, nom me dam as contas… Quererám com essas cifras esconder o pouco impacto económico que deixa todo este entramado e com o qual se justificam as nom-açons a prol da vizinhança?
Podem-se concluir disto as grandes dificuldades para criarmos redes… e, ainda assim, fazemo-lo.
Acreditamos na importância do apoio mútuo, dos afetos, de caminhar pola rua e saudar com um sorriso, de atravessar pola Rua do Meio porque levas pressa e, se nom, nom chegas
Porque temos fama de “comeflores” e flores nom comemos, mas sim acreditamos na importância do apoio mútuo, dos afetos, de caminhar pola rua e saudar com um sorriso, de atravessar pola Rua do Meio porque levas pressa e, se nom, nom chegas, de que te chamem polo nome quando vás comprar fruta, de que saibam como queres o café antes de sentares, ou que tipo de intolerâncias alimentares tés quando che oferecem o menu do dia…
Sei que falo desde o privilégio de mulher cis branca que tem DI. Porque no Bairro há muitas realidades e, se bem que sejamos conscientes, ainda nom fomos quem de fazer que seja um espaço seguro para todes.
No Bairro convivem muitas estruturas, que militamos por separado e da mam:
A associaçom vizinhal A xuntanza, que organiza no seu local um sem-fim de atividades semanais e pontuais, além de ser o canal direto com o Concelho para fazer chegar as necessidades do Bairro (deixo aqui um agradecimento gigante por todo o esforço que pugérom mediando com a desfeita de Concheiros).
O grupo de Whatsapp “Apoio Almáciga-Sam Pedro”, criado durante a pandemia e no qual convivemos gente dos dous Bairros com o fim de dar resposta a necessidades pontuais com essa filosofia de apoio mutuo.
A Associaçom Cultural do Bairro de Sam Pedro: unha agrupaçom autofinanciada e autogerida que centra a sua atividade nas festas, mas também acolhe diversas atividades durante o ano. Aqui o agradecimento vai para o governo de Bugalho: por nada. Por pôr unicamente atrancos e mais gastos à hora de tentar fazer as cousas. Deixei este de último porque apesar de existir um núcleo dumhas dez pessoas que trabalhamos durante todo o ano, durante as festas mobilizam-se mais de 300 vizinhes para levar a cabo todo o trabalho que implica; sem isso, nom seria possível que saísse à frente. A rede funciona!
Há outros espaços como a Unitaria, o centro dom Bosco, a escola Apóstolo Santiago… que se resistem a deixarem de ser de Bairro.
Nom queria terminar sem dizer que sei que militar nalgumha destas organizaçons é mui complicado porque requer tempo e esforço, mas há muitas maneiras de militar; por exemplo usar os espaços, quer na Xuntanza ou na Gentalha do Pichel, indo a baile ou fazendo ioga… Militar também é isso: ser consciente de que usar os espaços fai que sigam existindo (e resistindo).