Periódico galego de informaçom crítica

O bairro que nom come flores, mas sim as planta

por
Detalhe do car­taz das fes­tas de 2018, feito por Gonzalo Vilas, | fes­tas do bairro de sam pedro

Ao che­gar a Compostela 
Guiava-me pola lua
e na rua de sam Pedro
me­teu-me na casa tua.

(Malvela) 

Que di­fí­cil fa­lar so­bre como vejo e vivo a mi­li­tân­cia e a con­vi­vên­cia no Bairro de Sam Pedro sem co­me­çar a fa­lar da ma­cro-tu­ris­ti­fi­ca­çom e a gen­tri­fi­ca­çom, das obras de Concheiros, da Casa do Matadoiro… Já o fi­gem; nom fi­cava alternativa. 

Sempre fo­mos cons­ci­en­tes de que o Bairro é a porta dumha das prin­ci­pais ro­tas de en­trada do Caminho de Santiago, por­que o sen­ti­mos nas ruas e tam­bém o so­fre­mos (ul­ti­ma­mente só isso úl­timo) e nom só, mas tam­bém como vam mu­dando os es­pa­ços, as ruas, as ca­sas que já nom ha­bi­ta­mos por­que já nom som para quem vive aqui, mas para quem está de passagem. 

Assistimos im­po­ten­tes à “obra de Concheiros” que só ti­nha como fim de­co­rar a úl­tima parte do ca­mi­nho, ig­no­rando as ne­ces­si­da­des que tí­nha­mos como vi­zi­nhança. E as­sim fi­cou também… 

Dados ofi­ci­ais do Concelho ci­fram em 160.000 as pes­soas que en­trá­rom por essa rota o ano pas­sado. E eu per­gunto-me: se este sá­bado to­mando um café na chur­ra­ria vim pas­sar unhas 1.000 pes­soas no es­paço de umha hora, nom me dam as con­tas… Quererám com es­sas ci­fras es­con­der o pouco im­pacto eco­nó­mico que deixa todo este en­tra­mado e com o qual se jus­ti­fi­cam as nom-açons a prol da vizinhança? 

Podem-se con­cluir disto as gran­des di­fi­cul­da­des para cri­ar­mos re­des… e, ainda as­sim, fazemo-lo. 

Acreditamos na im­por­tân­cia do apoio mú­tuo, dos afe­tos, de ca­mi­nhar pola rua e sau­dar com um sor­riso, de atra­ves­sar pola Rua do Meio por­que le­vas pressa e, se nom, nom chegas

Porque te­mos fama de “co­me­flo­res” e flo­res nom co­me­mos, mas sim acre­di­ta­mos na im­por­tân­cia do apoio mú­tuo, dos afe­tos, de ca­mi­nhar pola rua e sau­dar com um sor­riso, de atra­ves­sar pola Rua do Meio por­que le­vas pressa e, se nom, nom che­gas, de que te cha­mem polo nome quando vás com­prar fruta, de que sai­bam como que­res o café an­tes de sen­ta­res, ou que tipo de in­to­le­rân­cias ali­men­ta­res tés quando che ofe­re­cem o menu do dia… 

Sei que falo desde o pri­vi­lé­gio de mu­lher cis branca que tem DI. Porque no Bairro há mui­tas re­a­li­da­des e, se bem que se­ja­mos cons­ci­en­tes, ainda nom fo­mos quem de fa­zer que seja um es­paço se­guro para todes. 

No Bairro con­vi­vem mui­tas es­tru­tu­ras, que mi­li­ta­mos por se­pa­rado e da mam: 

A as­so­ci­a­çom vi­zi­nhal A xun­tanza, que or­ga­niza no seu lo­cal um sem-fim de ati­vi­da­des se­ma­nais e pon­tu­ais, além de ser o ca­nal di­reto com o Concelho para fa­zer che­gar as ne­ces­si­da­des do Bairro (deixo aqui um agra­de­ci­mento gi­gante por todo o es­forço que pu­gé­rom me­di­ando com a des­feita de Concheiros). 

O grupo de Whatsapp “Apoio Almáciga-Sam Pedro”, cri­ado du­rante a pan­de­mia e no qual con­vi­ve­mos gente dos dous Bairros com o fim de dar res­posta a ne­ces­si­da­des pon­tu­ais com essa fi­lo­so­fia de apoio mutuo. 

A Associaçom Cultural do Bairro de Sam Pedro: unha agru­pa­çom au­to­fi­nan­ci­ada e au­to­ge­rida que cen­tra a sua ati­vi­dade nas fes­tas, mas tam­bém aco­lhe di­ver­sas ati­vi­da­des du­rante o ano.  Aqui o agra­de­ci­mento vai para o go­verno de Bugalho: por nada. Por pôr uni­ca­mente atran­cos e mais gas­tos à hora de ten­tar fa­zer as cou­sas. Deixei este de úl­timo por­que ape­sar de exis­tir um nú­cleo dumhas dez pes­soas que tra­ba­lha­mos du­rante todo o ano, du­rante as fes­tas mo­bi­li­zam-se mais de 300 vi­zi­nhes para le­var a cabo todo o tra­ba­lho que im­plica; sem isso, nom se­ria pos­sí­vel que saísse à frente. A rede funciona! 

Há ou­tros es­pa­ços como a Unitaria, o cen­tro dom Bosco, a es­cola Apóstolo Santiago… que se re­sis­tem a dei­xa­rem de ser de Bairro. 

Nom que­ria ter­mi­nar sem di­zer que sei que mi­li­tar nal­gumha des­tas or­ga­ni­za­çons é mui com­pli­cado por­que re­quer tempo e es­forço, mas há mui­tas ma­nei­ras de mi­li­tar; por exem­plo usar os es­pa­ços, quer na Xuntanza ou na Gentalha do Pichel, indo a baile ou fa­zendo ioga… Militar tam­bém é isso: ser cons­ci­ente de que usar os es­pa­ços fai que si­gam exis­tindo (e resistindo). 

O último de Opiniom

O Estado

Pedro M. Rey Araujo repassa as principais conceiçons arredor do Estado no

Os corpos e a terra

Alberte Pagán fai umha resenha do filme 'O Corno', de Jaione Camborda,
Ir Acima