Em março de 2003, no casco velho de Vigo, nascia um centro social que neste mês fai 19 anos de vida e ativismo. “Passamos de estar num bairro mui estigmatizado a estar num bairro gentrificado, com apartamentos turísticos e especulaçom”, relata Diego Santim, sócio da Revolta, com quem conversamos depois dum fim de semana de atividades e festa para celebrar a longa vida deste espaço que, mália todo, resiste.
Como valorades o trabalho realizado ao longo destes anos?
É difícil fazermos umha avaliaçom de 19 anos, pois passamos por várias épocas e todas bem distintas, com altos e baixos. Em todo caso, resistir após tanto tempo é sempre positivo, por toda a atividade que tivo o centro social.
Em que se centrou A Revolta estes anos?
Levamos desde março de 2003 a dinamizar o bairro, tentando fazer também açons de rua. Recuperamos a figura do entroido viguês do Merdeiro, trabalhamos também pola recuperaçom do Apalpador, realizamos torneios de futebol, organizamos o samaim, festivais e jornadas do dia da pátria prévio ao 25 de julho em Vigo, etc. Sempre apostamos na música em galego e em trazer à Revolta numerosos grupos, como figéramos com a iniciativa “Somos um povo de artistas”.
Também, formamos parte dumha coordenadora de centros sociais que houvo na nossa cidade e que agrupava os centros sociais do sul do país. Somado a isto, realizamos recebimentos aos presos, colaborando com Ceivar e com Que Voltem, com ceias e atos para apoiar ás pessoas que sofrem a repressom.
“Diante do agravamento das condiçons de vida para a maioria, temos que pensar em novos objetivos, em ajudar e pôr-nos a trabalhar conjuntamente com outras pessoas e coletivos para novas tarefas e mais urgentes como a comida e a vivenda”
Tivemos umha assembleia de mulheres, que realizou roteiros polo bairro e que trabalhou polo feminismo desde aqui. A língua e o reintegracionismo sempre foi outros dos eixos fundamentais do nosso trabalho, com iniciativas polo Dia das Letras, e figemos parte do bloco laranja reintegracionista durante muitos anos com outros centros sociais do país.
Sofremos, ademais, vários registos em operaçons repressivas, como aconteceu com a Operaçom Castinheiras, e no 2012 detivérom várias sócias do centro social, com um novo registo policial. Passamos também por um câmbio de local e tanto nós como a própria cidade cambiamos.
Que retos e desafios enfrentades?
O que queremos é continuar a servir de espaço para qualquer organizaçom ou coletivo galego que aposte polo câmbio social, que precise reunir-se, fazer faixas, jornadas de trabalho, palestras ou grupos novos de música em galego que queiram dar concertos. O nosso centro social é um espaço para o associacionismo, mas também queremos continuar a consolidar todo o trabalho já realizado.
Estamos numha sociedade em crise constante, golpeada polas crises económicas, a pandemia e agora a guerra, em que nom há descanso mental, e o nosso projeto está inserido neste contexto. Nesta situaçom, valoramos a importância de que o nosso espaço poda ser também um ponto de encontro para a ajuda mútua e a solidariedade. Diante deste agravamento das condiçons de vida para a maioria, temos que pensar em novos objetivos, em ajudar e pôr-nos a trabalhar conjuntamente com outras pessoas e coletivos para novas tarefas e mais urgentes como a comida e a vivenda. Em definitiva, um centro social tem que estar aí para servir o povo.