Nugalhás. Nem Lalim, nem Doçom, nem Melide. Tampouco Monterroso, Santiso ou Chantada. Nem tam sequer em Agolada, em Rodeiro ou nalgum outro lugar de Antas de Ulha. Nom, o centro geográfico da Galiza, polo menos da Galiza autonómicai, está numha aba do Farelo, no lugar de Nugalhás. É admirável o esforço de todos estes concelhos por reivindicar a sua condição de cerne geográfico do país. Uns esforços muitas vezes promovidos polas respetivas autoridades municipais e que calham no imaginário popular das gentes do lugar que o reivindicam com orgulho. Mas o veredicto do GPS é inapelável. O centro do país, o ponto geolocalizado polo SITGA (Sistema de Informaçom Territorial da Galiza), acha-se nas coordenadas Longitude Oeste 7 graus, 54 minutos, 28,5 segundos, e Latitude Norte 42 graus, 45 minutos, 23,3 segundos, coordenada UTM Fuso 29, em Nugalhás, pertencente à paróquia de Santa Maria de Arcos no concelho de Antas de Ulha.
nas coordenadas Longitude Oeste 7 graus, 54 minutos, 28,5 segundos, e Latitude Norte 42 graus, 45 minutos, 23,3 segundos, coordenada UTM Fuso 29, em Nugalhás, pertencente à paróquia de Santa Maria de Arcos no concelho de Antas de Ulha
Nugalhás tem um nome que alude à nugalha ou à condiçom preguiceira dos seus habitantes, mas o certo é que aqui a natureza e as pessoas figêrom o seu trabalho com consciência. O resultado: umha paisagem fundamente humanizada, um lugar aplanado, inçado de carvalheiras e soutos, frondoso, verde, húmido, deitado nas abas da Serra do Farelo a 659 metros de altitude. Nugalhás cai ligeiramente do lado de sota-vento do Farelo e, portanto, da face leste da dorsal galega. Isso faz com que as abundantes águas da zona, derivadas dumha forte pluviosidade e drenadas polos regos das Veigas, Lebosende e Amarante, caiam para o nascimento do Ulha e nom para o rio Arnego que já desce de Rodeiro para Agolada.
Nugalhás tem muito de metáfora da Galiza rural atual, marcada polo abandono, o despovoamento e, às vezes, polas atuaçons públicas pitorescas. A aldeia tem dous ilustres vizinhos, umha venerável senhora, Olga, e o seu filho, que moram numha das quatro ou cinco casas do lugar. Dous vizinhos e duas paróquias, porque se do ponto de vista religioso Nugalhás pertence a Santa Maria de Arcos, civilmente encontra-se sob a jurisdiçom da paróquia de Sam Fiz de Amarante. Umha forma muito galega de se situar no território. O anonimato dos seus habitantes viu-se alterado em 2007 quando transcendeu aos meios de comunicaçom que o Concelho adquirira umha parcela próxima à sua casa na qual radicava o centro geográfico da nossa terra. Daquela o Alcaide tivo a pouco original ideia de anunciar que o Concelho ia mercar a leira e prometer “pô-lo em valor”, como se diz agora quando se quer tirar benefício económico de cousas intangíveis, bens imateriais ou paragens naturais. Depois do anúncio, poderíamos temer o pior mas tudo ficou aí. Nem o Concelho mercou a leira, nem a “puxo em valor”. Quase melhor que assim for.
O lugar exato em que se localiza a leira é umha carvalheira em que medrárom várias dúzias de eucaliptos que alguém esqueceu cortar. Sim, o coraçom da Galiza é um ferrado em que medram e convivem duas árvores antitéticas, o carvalho, símbolo da frondosidade autóctone da nossa terra, e o eucalipto, a árvore com pior reputaçom do país, a besta negra das invasom florestais alóctones.
Para chegar a Nugalhás, recomendamos fazê-lo desde Rodeiro, atravessando todo o vale de Camba, umha terra velha afastada das grandes vias de comunicaçom e delimitada a leste polas abas da serra do Faro. Cumpre fazer o percurso devagar, detendo-se nas múltiplas aldeias que enchem o vale, para contemplar umha paisagem agrícola humanizada mais nem esfarelada nem desordenada. Chama a atençom a frondosidade da vegetaçom autóctone e a viçosa verdura dos prados em que procuram alimento um importante número de cabeças de gado vacum. Ao longo do caminho, saltam à vista as pegadas da história no património arquitetónico. Paga a pena deter-se nas igrejinhas románicas como a de Santa Maria dos Arcos ou na Casa Forte ou Paço de Camba, outrora berço dos poderosos Senhores de Camba. Infelizmente, as eólicas também fazem parte já da paisagem das terras altas da dorsal galega.
Num país como o nosso, com umha forma semelhante à dum quadrado recortado, é doado localizar o seu centro com um simples olhar no mapa. De tirarmos umha linha que fosse de Nugalhás aos quatro pontos cardinais da Galiza autonómica, teríamos o Cabo da Nave a 115 km, a Estaca de Bares a 116, Fezes (Verim) a 112, e Lardeira (Carvalheda de Vale de Orras) a 107. Estas distâncias relativamente curtas fam com que acarom do céntrico Nugalhás, elevados nos altos do Farelo (956 metros) ou no Faro (1.187 metros), podamos olhar boa parte do país longitudinalmente, vendo os Ancares nevados mentres olhamos os avións aterrar em Lavacolha. Cumpre subir. Terás a sensaçom de abranger com a vista a tua terra toda.