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Outonía mostra que na periferia da periferia também podemos imaginar”

por
ou­to­nia, co­o­pe­ra­tiva de edu­ca­çom social

Outonía nasce das inquietudes de três educadoras sociais, Paula, Tania e Araceli, e de um propósito firme: viverem no rural e se dedicarem ao que estudárom. Pensam que a educaçom social tem potência transformadora e que os territórios rurais nom podiam ficar na margem. Habitam três montanhas diferentes: em Vieiros –O Courel–, em Raigada –Maciço Central– e em Xares –Trevinca–. Outonía quer ser como a palavra: erva boa que traz alimento, um bom projeto que alimenta um meio rural que luita por existir.

É viá­vel –para além de ne­ces­sá­rio– um pro­jeto como o vosso?

Aguardamos que sim! De facto, já há co­o­pe­ra­ti­vas que se de­di­cam a ofer­tar ser­vi­ços só­cio-edu­ca­ti­vos e cul­tu­rais que se man­te­nhem no tempo… Mas, como mui­tas ou­tras cou­sas na Galiza, a mai­o­ria des­tas ini­ci­a­ti­vas es­tám no eixo atlân­tico. Nom é ape­nas que o in­te­rior ne­ces­site dos nos­sos ser­vi­ços: eles te­nhem que ser um di­reito. A edu­ca­çom so­cial é um di­reito das pessoas.

Como in­flui a mon­ta­nha no olhar cara a este meio ru­ral e cara a este projeto?

Cada umha de nós tem a sua his­tó­ria com a mon­ta­nha e a sua re­la­çom com ela, mas em co­mum te­mos que para nós a mon­ta­nha –e isto é um dos ali­cer­ces de Outonía– é a casa. A ex­pe­ri­ên­cia de ha­bi­tar a mon­ta­nha dá-nos es­cola. Dá-nos a ex­pe­ri­ên­cia do diá­rio ha­bi­tar, de con­vi­ver com o bom e tam­bém com o nom tam bom. Poderíamos fa­lar muito das mon­ta­nhas, do que sig­ni­fi­cam para cada umha de nós, de que lin­gua­gem fa­lam…, mas creio que a in­fluên­cia que te­nhem em Outonía é que a mon­ta­nha lhe dá sen­tido ao pro­jeto. Mostra que no ru­ral mais cas­ti­gado polo des­po­vo­a­mento, na pe­ri­fe­ria da pe­ri­fe­ria, tam­bém po­de­mos imaginar.

Que pro­ble­mas en­frenta a alta montanha?

A alta mon­ta­nha nom tem nada a ver com o ru­ral da costa; por exem­plo, ima­gina: eu até que mar­chei da casa para es­tu­dar nom sa­bia o que era a eu­ca­lip­ta­li­za­çom! Aqui nom há eu­ca­lip­tos, há re­bo­las… O nosso pro­blema é o des­po­vo­a­mento que dei­xou num es­tado de aban­dono os nos­sos mon­tes e tam­bém trouxo in­cên­dios, os quais evi­den­ciam a es­cassa ges­tom dos mon­tes e a in­su­fi­ci­ên­cia dos la­bo­res de pre­ven­çom. Mais um exem­plo: para umha pes­soa que viva em Xares, na mi­nha al­deia, o hos­pi­tal de Ourense –onde te­mos já pra­ti­ca­mente todo cen­tra­li­zado– fica a 159 km!

Poderíamos fa­lar de mui­tos mais pro­ble­mas: falta de ser­vi­ços, más co­ne­xons (so­ci­ais e ter­ri­to­ri­ais), en­ve­lhe­ci­mento…, mas se nós nas­ce­mos é para vi­si­bi­li­zar que a mon­ta­nha existe como lu­gar ha­bi­tá­vel e ‘vi­ví­vel’ além do sim­ples ‘lu­gar es­pe­tá­culo’ de con­sumo para os tu­ris­tas de fim de se­mana. Aqui vi­vem pes­soas com todo o que im­plica: o lu­gar é nosso e so­mos quem o cons­troem sem ne­ces­si­dade de pa­ter­na­lis­mos, mas sim de acom­pa­nha­mento e apoios.

Que olhada de­ve­ría­mos ter cara ao meio rural?

Um olhar de res­peito e de di­rei­tos. De res­peito, por­que a su­per­vi­vên­cia do meio ru­ral –bem en­ten­dido, nom como um lu­gar de pro­vi­som às ci­da­des–, é im­pres­cin­dí­vel para fa­lar dum fu­turo sus­ten­tá­vel. De di­rei­tos, por­que as pes­soas que ha­bi­ta­mos aqui, se­ja­mos 3 ou 3000, te­mos os mes­mos di­rei­tos que o resto de ha­bi­tan­tes. Temos di­reito à edu­ca­çom, à sa­ni­dade, à cul­tura, ao lu­gar… Temos di­reito ao meio rural.

Que pro­je­tos ten­des de aqui em diante?

Agora mesmo aca­ba­mos de lan­çar ‘Radiais’ um pro­jeto de la­zer al­ter­na­tivo e co­mu­ni­tá­rio em Viana do Bolo. Esta pro­posta achega à mo­ci­dade do lu­gar umha pro­gra­ma­çom de ati­vi­da­des que vam desde ‘Arte e na­tu­reza’ à ‘Biodança’ ou a um ‘Rural Scape’. 

Sobretodo, o que aca­len­ta­mos som mui­tas ideias que nos pró­xi­mos me­ses ire­mos des­ven­dando e que aguar­da­mos aju­dem a en­ten­der o que é Outonía.

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