A Fortaleza do Galinheiro é, não raramente, referenciada como Castro do Galinheiro, como prova do desconhecimento e da falta de estudos que a Galiza padece sobre esta tipologia de construçons alto-medievais. Seguindo o website da Comunidade de Montes Vizinhais em Mão Comum de Víncios (Comarca do Minhor), a sua existência foi documentada “oficialmente” pola primeira vez na década de 50 por umha expediçom de montanheiras viguesas. Foi descoberta entre os afloramentos de gneisses, que dam forma ao monumento geológico do Maciço Rochoso do Galinheiro (Norte), camuflados entre o Coto do Demo, o Pico da Lua e o Coto da Cerradura.
O jazimento tem como eixo central umha modesta acrópole a que se somam ao menos mais cinco prédios, rodeados por um perímetro defensivo de dupla muralha que se assenta e completa com as formaçons rochosas do arredor. Foi catalogado Bem de Interesse Cultural (BIC) polo Decreto 22/04/1949, o qual, se legislativamente lhe outorgava certa proteçom e alentava à sua conservaçom, nom supôs, na prática, nenhuma mudança ou incentivo que pulasse por profundar no estudo e investigaçom das suas características ou das suas implicaçons na evoluçom histórica da zona e mesmo do país: desde aquela primeira expediçom dos anos 50, só houve duas peregrinaçons ao maciço rochoso do galinheiro com o fim de escaravelhar nos seus segredos.
A equipa de ‘Castelos no aire’ chegava ao monte Galinheiro com os antecedentes e a informaçom derivada de umha intervençom arqueológica da década de 70, realizada polo Clube Montanheiros Celtas, a qual era, até entom, a única escavaçom que se tinha feito na Fortaleza do Galinheiro.
A última destas expediçons teve lugar no passado mês de abril da mão do associaçom Castelos no Aire, um projeto de investigaçom fundado polo investigador Mário Pereiro da USC, doutor em Arqueologia desde 2019 pola mesma instituiçom universitária. A equipa contou com a colaboraçom do grupo se investigaçom Síncrisis da USC, da Tempos Arqueólogos S.L. e da CMVMC de Víncios, reponsável pola gestom e a custódia daquele território. O intuito era realizar “umha série de sondagens valorativas na superfície do prédio, com o objetivo de obter a maior quantidade de informaçom relativa à cronologia e à funcionalidade original da Fortaleza”.
A equipa chegava ao monte Galinheiro com os antecedentes e a informaçom derivada de uma intervençom arqueológica da década de 70, realizada polo Clube Montanheiros Celtas, a qual era, até então, a única escavaçom que se tinha feito na Fortaleza do Galinheiro. Decorreu durante duas campanhas que em total ocupárom quatro fins de semana repartidos entre 1970 e 1971. Antonio Veiga dirigiu umha equipa de trabalho integrada por pessoas associadas ao clube e com o assessoramento de Xosé Mª Álvarez Blázquez. Na primeira campanha limpárom a vegetaçom e o pedragulho, deixando nua parte da muralha Norte e três estruturas interiores. Na segunda delas o trabalho centrou-se exclusivamente numha dessas estruturas, identificando uma morada.
Já a equipa de Mário Pereiro esteve formada por arqueólogas especialistas neste tipo de jazimentos, e com experiencias previas no Faro de Budinho (Porrinho), no Castro Valente (Padrom) e no Castelo de Porto Meiro (Vale do Dubra). Partindo daquela informaçom e após a realizaçom de umha série de campanhas prévias à escavaçom, a equipa planejou três sondagens que, distribuídas polo interior do fortaleza, atingírom dous prédios diferentes. Além de servir para retomar a investigaçom deste jazimentos, estes trabalhos permitírom complementar os dados do anos 70 e acrescentárom mais conhecimentos sobre a arquitetura dos dous prédios analisados, ao recolherem-se diferentes mostras arqueológicas de diferente composiçom, mostras dos seus componentes. Também foi elaborada umha planimetria detalhada da superfície ocupada pola fortaleza e da sua distribuição. Assim o recolhe o informe valorativo da escavaçom, depositado no serviço de arqueologia da Xunta.
Além de obter dados que ajudaram a pôr em valor o próprio prédio e a combater o seu desconhecimento, esta nova investigaçom também procurou a integraçom da comunidade local nos trabalhos de difusom e arqueologia social, promovendo o património arqueológico através de diversas ferramentas e com a ajuda da própria CMVMC de Víncios.
O projeto faz parte do trabalho de pós-doutoramento de Mário Pereiro: Da província ao Reino. Estratégias de resiliência na Finis Terrae após o Império Romano de Ocidente. Com ele, tenciona desvelar aspectos essenciais da organizaçom social e política do país durante a época da passagem do Império Romano para a monarquia ovetense. O foco é colocado no território correspondente à Depressom Meridiana, umha importante via natural de comunicaçons que facilitou o trânsito entre os núcleos populacionais da costa atlântica galega (acolheu, inclusive, a via romana XIX, segundo o Itinerário de Antonino Pio, e hoje passa por ela o Caminho Português de Santiago).
A Depressom Meridiana pôde ser o centro de algum poder ou contrapoder com capaz de controlar a zona do Baixo Minho. Assim parecem indicá-lo as fortificaçons defensivas, de similar caráter, que aparecem franqueando‑a polas beiras: a fortaleza do Galinheiro (Gondomar), o Faro de Budinho (o Porinho), o do Monte Aloia (Tui) e o do Alto de São Cibram (Ponte. Areias-Salceda de Caselas).