
Maes, amigas, artistas e irmás, mas sobretodo, galegas e músicas “das que luitam na vida”. Assi é como se definem as MGK, um coletivo de mais de 30 mulheres músicas galegas, no seu tema conjunto “Somos”. Como elas, som muitas as músicas da Galiza que assumem um papel dinamizador da cultura musical do país desde a sombra ou acima de grandes cenários, num eido onde ainda resta muito caminho por percorrer quanto à visibilizaçom feminina, mas sobretodo feminista. Do folque até o heavy metal, passando polo rock ou o ska, as mulheres galegas fam parte dum panorama musical maioritariamente masculinizado, que reivindicam como espaço próprio a passos largos.
com o afám de visibilizar a grande presença feminina no ámbito musical galego, surgírom iniciativas como Músicas Galegas Ilustradas
O empoderamento musical feminino chega até nós em solitário com projetos tam profissionais como rebeldes, em forma de agrupamentos unicamente femininos, ou com a integraçom das mulheres em grupos musicais onde antigamente a sua presença era anedótica. Com talento, trabalho e muito que dizer, grandes artistas como Ugia Pedreira, Sés, Guadi Galego, Lidia Botana ou As Tanxugueiras levam o nosso idioma por cenários de todo o país e de fora da Galiza. Outras como a Ugia chegárom até África e América, e levárom adiante com êxito projetos tam destacados como o festival Cantos na Maré. “Sempre há essa tentaçom de criticar umha mulher polo seu discurso, porque é valente e di o que pensa. Ainda há quem se surpreenda por algo tam normal como a liberdade de expressom e devem saber que nom somos mulheres ao serviço dum discurso patriarcal, senom que temos o nosso próprio”, reivindica a artista. Para Ugia é importante também destacar o papel da mulher como criadora, já que em palavras suas “nom somos, como pretendérom muitas vezes, um objeto do autor, gente que só canta ou interpreta. A mulher também é autora e criadora e há que sublinhar a autoria das nossas cançons e mostrarmo-nos sempre mui orgulhosas do que fazemos”.
"na música clássica nom se dá esta situaçom, mas em bandas de rock, ska ou punk é menos frequente que haja mulheres"
Nos últimos anos vários grupos femininos coma As Punkiereteiras, com o seu “Canto feminista”, A Banda da Loba ou The Tetas’ Van subírom aos cenários do país demonstrando que a uniom fai a força e que as músicas galegas já nom vam ficar caladas. Com o afám de visibilizar a grande presença feminina no ámbito musical galego, surgírom também iniciativas como Músicas Galegas Ilustradas, da baixista e ilustradora Laura Romero, quem denúncia a minoria de atuaçons femininas em festivais e concertos a golpe de lápis e papel. Outras como as Mulheres Galegas Kanheras (MGK), citadas no começo deste texto, saírom à luz no ano passado da mao da vocalista Patty Castro, fazendo toda umha declaraçom de intençons ao juntar mais de 30 mulheres de todo o país que desenvolvem a sua atividade musical arredor dos géneros rock e heavy metal. A iniciativa, que prepara a sua segunda ediçom, compreendeu a gravaçom dum disco e um concerto conjunto, ademais de visibilizar a presença de mulheres cantando em gutural, tocando a bateria, o baixo ou a guitarra em grupos coma Strikeback, Ith, Galiryon ou Bala, este último composto por duas mulheres vocalistas e instrumentistas. “Temos que poder aprender dos erros do passado para criar umha sociedade mais justa e igualitária para todas. É um trabalho da sociedade em geral, na vida diária, com pequenos gestos, e dar visibilidade às mulheres é um desses gestos”, assegura a promotora do projeto.
O talento jovem e feminino também está a despontar nos últimos tempos no panorama galego e as novas geraçons venhem cheias de energia para se fazerem ver. Com esta força nasce o projeto 85C, que umha vez ao ano reúne moças que cantam, dançam, tocam instrumentos e recitam poesia. “Definimo-nos como um projeto criado para que toda pessoa que o deseje poda sentir a magia através da arte dumhas mulheres que já nom choram para mamar, que nom sabem de ajoelhar-se e que nom querem viver mais na submissom que alguém um dia lhes quijo impor”, explica Paula López Lodeiro, umha das integrantes do projeto. Aos seus 21 anos, conta com o Grau Profissional de trombom no Conservatório, e é umha das três integrantes femininas que formam o grupo de ska Liska!. A integraçom de mulheres em bandas como esta, que tem nove membros, desempenha, na sua opiniom, “um papel normalizador da situaçom de desigualdade que se vê nos cenários, sobretodo neste estilo musical”. Segundo esta artista, “deveria ser normal encontrar mulheres tocando em grupos, já que, por exemplo, na música clássica nom se dá esta situaçom, mas em bandas de rock, ska ou punk é menos frequente que haja mulheres”. Neste panorama, outras bandas como Dudecan, Trapallada ou A Compañía do Ruído integram também grandes músicas na sua formaçom. “Por sorte cada vez imos somando, mas ainda resta muito caminho por percorrer”, avalia Paula quem, como outras muitas músicas galegas, trabalha cada dia pola música, o idioma e a igualdade.