A luita das e dos camponeses indianos contra as novas reformas agrícolas impostas pelo governo hindu-fascista do primeiro-ministro Modi situou os seus protestos em todos os meios internacionais. Milhares de camponeses e camponesas de todo o país participárom em grandes tratoradas, bloqueios de caminhos, estradas e pontes. Exigem ao governo que retire umhas reformas que abaratárom os seus produtos agrícolas, ao acabar com o intermédio governamental sobre as vendas. Desta forma, os camponeses terám que negociar diretamente com multinacionais enquanto disputam com o latifúndio.

Os protestos começárom em 25 de novembro de 2020 com umha marcha histórica de 200 milhons de camponeses, majoritariamente dos estados do Punjab e do Harianá, até Nova Déli. O protesto, iniciado nos estados do norte (que possuem umha maior proporçom de camponeses), aos poucos ganhou a aderência das massas camponesas de toda a Índia, com umha significativa participaçom das mulheres.
Os protestos começárom em 25 de novembro de 2020 com umha marcha histórica de 200 milhons de camponeses
Segundo a Oxfam Índia, quase 75% das mulheres rurais indianas que trabalham a tempo inteiro som agricultoras, e mesmo é possível que o número venha a aumentar à medida que mais e mais homens emigrarem para as cidades à procura emprego. Ainda assim, menos de 13% das mulheres possuem a terra que trabalham. ‘Haq lenge’, e um dos seus gritos de guerra, uma palavra de ordem da época colonial que em punjabi quer dizer ‘Tomaremos o que é nosso’. Este grito tornou-se um símbolo de resistência.
O movimento camponês indiano tem muitos anos de luita e resistência, sendo a revolta armada dos camponeses do Naxalbari que marcaria umha linha revolucionaria desde 1967 até aos nossos tempos, conhecidos como ‘naxalitas’. Este movimento revolucionário é a maior guerrilha comunista do mundo. Nom admira, portanto, que o governo hindu-fascista esteja preocupado com o alastrar dessa linha revolucionária.
Pode parecer que esta luita das camponesas e camponeses indianos é apenas para defenderem o seu sustento e a sua forma de vida, mas é também umha luita em prol da saúde da humanidade e contra a tendência geral do capitalismo no controlo e na distribuiçom dos alimentos. A nível mundial, as multinacionais de alimentaçom decidem e imponhem que alimentos som cultivados, como som cultivados, o que contenhem e quem os vende. Esta prática envolve alimentos altamente processados, adulterados com insumos químicos que terminam em grandes cadeias de supermercados quase monopolistas, ou em estabelecimentos de fast-food que dependem da agricultura à escala industrial.
É também umha luita em prol da saúde da humanidade e contra a tendência geral do capitalismo no controlo e na distribuiçom dos alimentos
Esta prática afeta gravemente o ambiente, e prejudica diretamente a saúde humana, em especial das camadas mais pobres, como se verifica nos EUA, no México e em muitíssimos outros países, como a Galiza. Esta tendência está a produzir doenças graves como a obesidade, a diabetes ou as doenças cardíacas. De facto, as taxas de obesidade na Índia triplicárom nas últimas duas décadas, tornando-se um dos países do mundo com uma taxa mais alta de diabetes e doenças cardíacas. Para favorecer esta prática assassina, é necessário impor aos países mais pobres a reestruturaçom da sua agricultura de forma a facilitar as agroexportações, graças ao Banco Mundial, ao FMI, à OMC e os interesses da agroindústria mundial.
Na década de 90, o FMI e o Banco Mundial aconselhárom à Índia que centos de milhons de camponeses abandonassem a agricultura em troca de mais de 120 mil milhons de dólares em empréstimos nesse momento. A Índia recebeu instruçons de desmantelar o seu sistema de fornecimento de sementes de propriedade estatal, reduzir os subsídios, fechar as instituiçons agrícolas públicas e oferecer incentivos para culturas comerciais destinada à exportaçom a fim de obter divisas. Parte da estratégia implicaria igualmente alterar as leis da terra de forma que esta pudesse ser vendida e fusionada para a agricultura à escala industrial, favorecendo as grandes corporaçons.
Este processo foi lento, mas com as novas leis de agricultura, fica o caminho livre para as Amazon, Walmart, Facebook, Cargill, Archer Daniels Midlands, Louis Dreyfus, Bunge e restantes corporaçons com negócios agrícolas, nas sementes e nos agroquímicos. Também servirá aos interesses retalhistas, agroindustriais e logísticos do homem mais rico da Índia, Mukesh Ambani, e do sexto mais rico, Gautam Adani.
O Facebook investiu 5.500 milhons de dólares no ano passado nas plataformas Jio de Mukesh Ambani (comércio eletrónico retalhista). A Google também investiu nelas 4.500 milhons de dólares. A Amazon e Flipkart (a Walmart tem umha participaçom de 81%) controlam juntas mais de 60% do mercado geral de comércio eletrónico da Índia.
Segundo o recente relatório da Oxfam O vírus da desigualdade, Mukesh Ambani, amigo íntimo do primeiro-ministro e principal financiador do partido governante Bharatiya Janata (BJP), duplicou a sua riqueza entre março e outubro de 2020. O bloqueio e o confinamento relacionado com o coronavírus na Índia fijo com que os multimilionários do país aumentassem a sua riqueza em cerca de 35%, enquanto milhons de pessoas perdérom o emprego.
É mais que evidente que o governo hindu-fascista de Modi está a empregar estas leis agrárias para entregar aos seus amigos Adani e Ambani e a outras multinacionais os direitos de açambarcamento e de aquisiçom de terras, assim como o controlo total da distribuiçom de alimentos, dando-lhes carta branca para saquearem os meios de subsistência de milhons de camponeses e de imporem a tendência principal do capitalismo, na sua superior etapa, o imperialismo.
A luita dos camponeses e camponesas da Índia também é a nossa luita.