Antóm Bouzas é integrante do foro socioeducativo Os Ninguéns. Nesta situaçom de quarentena, o coletivo deu continuidade ao seu trabalho a prol das pessoas em risco de pobreza e exclusom demandando medidas efetivas e articulando um grupo de ajuda.
Quando e por que surge este coletivo?
O foro socioeducativo Os Ninguéns nasceu há cinco anos em Vigo, por iniciativa dum grupo de pessoas que trabalhamos no entorno da pobreza, com quem nom tem as suas necessidades básicas cobertas ou vive em pobreza severa. O objetivo nom é oferecer-lhes ajudas diretas, pois consideramos que o sistema económico e político atual gera sistematicamente pobreza, mas dar visibilidade a esta parte da populaçom. Há que lembrar que estamos a falar de que na Galiza arredor de 600.000 pessoas vivem sob o limiar da pobreza. Delas, 61.000 moram em Vigo. Tanto as instituiçons como os meios de comunicaçom ignoram a sua situaçom.
O objetivo nom é oferecer-lhes ajudas diretas, pois consideramos que o sistema económico e político atual gera sistematicamente pobreza, mas dar visibilidade a esta parte da populaçom. Há que lembrar que estamos a falar de que na Galiza arredor de 600.000 pessoas vivem sob o limiar da pobreza. Delas, 61.000 moram em Vigo.
A pobreza continua, pois, a estar fortemente estigmatizada.
Sim, mesmo as próprias pessoas que sofrem esta situaçom ocultam-na às suas famílias em muitas ocasions. Sentem vergonha na hora de pedirem ajuda e, ao contrário do que no caso doutros coletivos, a organizaçom em associaçons ou plataformas é complexa. Por outro lado, as soluçons oferecidas a estas pessoas som apenas parches. Os albergues por exemplo, em Vigo as pessoas podem ficar hospedadas num durante 10 dias e depois voltam à rua, às choupanas. A vivenda é umha das grandes problemáticas para estas pessoas, num contexto de rendas cada vez mais altas e ajudas insuficientes. A situaçom é tam extrema que 571 pessoas fôrom expulsas no passado ano pola falta de pagamento da renda. Estou a falar de famílias, também, com crianças.
A situaçom é tam extrema que 571 pessoas fôrom expulsas no passado ano pola falta de pagamento da renda. Estou a falar de famílias, também, com crianças.
Ademais da proporçom das achegas, outra das problemáticas habituais radica nas formalidades administrativas, mui lentas.
Desde já, se falarmos em cifras, as beneficiárias da Risga (a Renda de Inclusom Social da Galiza) recebem uns 450 euros, que podem aumentar se a solicitante tem crianças ao seu cargo: 70 euros mais pola primeira e 50 pola segunda. Julgamos que com estas receitas nom é possível viver. Os Ninguéns demanda políticas públicas que mudem realmente a situaçom destas pessoas, são necessárias mudanças estruturais que fagam face também aos baixos salários, aos empregos sem contrato ou ao trabalho temporário e precário. Todos os anos as estatísticas mostram que a pobreza persiste e que é herdada. É um barco que nunca chega a afundir, mas que sempre permanece mergulhado. E estar-se nele afeta à saúde, provoca stress, ansiedade. Também umha má alimentaçom, pois muitas pessoas dependem de comedores sociais ou bancos de alimentos. O plano de choque contra a pobreza da Uniom Europeia estabeleceu umha taxa, a taxa AROPE, que calcula os ingressos que precisa uma pessoa para deixar atrás a sua situaçom de exclusom. Um indivíduo iria precisar, como mínimo, uns 760 euros; umha família com três crianças, 1.600 euros. Ademais exigimos que a pobreza nom seja levada pela via judicial. Se nom há a possibilidade de aceder a umha vivenda social, problemas como os despejos vam acabar por se reptir umha e outra vez. Quem fica de fora do sistema nom pode receber ajudas que o mantenham na margem.
As beneficiárias da Risga (a Renda de Inclusom Social da Galiza) recebem uns 450 euros, que podem aumentar se a solicitante tem crianças ao seu cargo: 70 euros mais pola primeira e 50 pola segunda. Julgamos que com estas receitas nom é possível viver.
O quê implicou o surto de coronavírus e as medidas do Governo estatal para este coletivo?
O Concelho de Vigo oferece um telefone, o 010, para que a trabalhadora social contacte pessoas vulneráveis concedendo-lhes ajudas extra. O serviço desbordou rapidamente, porém achamos bem que se adotem medidas, se bem entendemos que nom som suficientes. Recentemente escrevemos ao Ministério de Justiça demandando que se rematasse com os despejos e se aprovasse umha moratória do aluguer, nom só da hipoteca. Também nos dirigimos à conselheira de Política Social, Fabiola García, para pedir-lhe que aborde o aumento da quantia das prestaçons, quando menos neste período de crise, aproximando-as o mais possível da taxa AROPE. Ademais, criamos um grupo de autoapoio telefónico com as integrantes para ajudá-las e orientá-las.