
Plantas que nascem como depósitos de resíduos de construçom ou projetos de regeneraçom de canteiras admitem resíduos sólidos urbanos ou restos do seu processamento
O complexo de Sogama em Cerceda está no limite da sua capacidade e com ele colapsa o modelo baseado na gestom centralizada dos resíduos e na sua incineraçom e verquido que foi implantado na Galiza nos anos 90. Mas a administraçom nom parece apostar por umha mudança de modelo, senom que está a optar por pôr remendos a um sistema claramente insustentável. Um deles é a criaçom do que desde a Associaçom para a Defesa Ecológica de Galiza (Adega) denominam como “metástases de Sogama”: novas instalaçons para seguir a soterrar o lixo.
Tendo em conta a legislaçom, a reciclagem deveria atingir em 2020 o 50%, objetivo impossível com o modelo atual
A última, o denominado “centro de gestom ambiental” promovido por Gestora de Residuos del Noroeste em Lousame (A Corunha). “Nom é para Sogama, mas admite resíduos Sogama”, explica o secretário executivo de Adega, Fins Eirexas. Esta treta é um recurso habitual na criaçom destas plantas, que nascem como depósitos de resíduos de construçom e demoliçom (RCD) ou projetos de valorizaçom ou regeneraçom de canteiras, mas admitem resíduos sólidos urbanos ou restos do seu processamento, o que abre a porta à acumulaçom de lixo nom tratado por Sogama.
O projeto da planta de Lousame, que solicitou autorizaçom ambiental à Junta de Galiza, contempla um vertedoiro de mais de um milhar de metros cúbicos, com capacidade para receber 700.000 toneladas de lixo ao longo de 10 anos, junto à planta de compostagem do Barbança.
Nom é a primeira iniciativa deste tipo. Em Sobrado e Silheda existem já na atualidade grandes vertedoiros que recebem lixo de Sogama e em Traço e Ordes tentou-se nestes últimos meses assentar instalaçons deste tipo, desistindo a empresa no primeiro caso e ainda em fase de autorizaçom no segundo.
Oposiçom da vizinhança
O projeto para Lousame recebeu um forte rejeitamento. Vizinhanza e organizaçons ecologistas e agrárias unirom forças contra a promotora e foram apresentados vários escritos de alegaçons à Conselheria de Meio Ambiente. Os argumentos som muitos.
As instalaçons forom apresentadas como um centro de valorizaçom de resíduos “maioritariamente de origem industrial” e fabricaçom de CDR (combustível derivado de resíduos), ademais de armazém temporário doutros restos. Mas, segundo denúncia Adega, a sua funçom principal seria o soterramento de lixo, chegando a ser esse o destino de mais de três quartas partes do material recebido anualmente. Ademais, só o dez por cento dos resíduos seriam aproveitados para a fabricaçom de CDR.
Além disso, teme-se a contaminaçom que pode causar o vertedoiro, ubicado na cabeceira da bacia que drena na ria de Noia. Junto a isto, um forte impacto paisagístico e os riscos associados aos traslados de resíduos.
Objetivos incumpríveis
Mas a oposiçom de coletivos como Adega ao vertedoiro de Lousame é, sobretudo, umha oposiçom ao modelo de tratamento de resíduos que implica Sogama. Tendo em conta a legislaçom europeia, estatal e galega, a reciclagem do lixo deveria ir avançando progressivamente até atingir em 2020 umha taxa do 50 por cento, objetivo impossível de continuarmos com o modelo atual.
Projetos como o de Lousame afastam-nos também da hierarquia que a Diretiva Marco de Resíduos da Uniom Europeia estabelece para a gestom de resíduos, que ordena por ordem de preferência os procedementos de prevençom, reutilizaçom, reciclagem, outras valorizaçons (como a energética) e, por último, eliminaçom.
“Portanto, o que pedimos quando defendemos umha mudança do modelo nom é um desejo, senom o cumprimento de umha obriga”, explica Fins Eirexas. “Seguimos umha filosofia míope. Deveríamos entender que os resíduos sólidos urbanos (RSU) som um recurso, nom um problema”, explica. “Com a implantaçom de Sogama infantilizou-se a cidadania, que nom sente responsabilidade sobre os resíduos que gera”.

Baixa reciclagen e pouca eficiência energética
Adega calcula que o macro vertedoiro da Areosa, no complexo de Cerceda, acumula já uns cinco milhares de toneladas de lixo. “Argumentava-se que com Sogama iam eliminar-se os vertedoiros, mas o que aconteceu é que se concentrárom na Areosa, como quem esconde o lixo baixo o tapete”, di Eirexas.
O certo é que os dados de reciclagem de Sogama som paupérrimos. O passado mês de novembro, obrigada pela Lei de Transparência, a sociedade presentava a sua Memoria de Sustentabilidade 2009–2015. Os próprios dados oficiais revelam umha taxa de reciclagem do 3,3 por cento. Umha quantidade ridícula e muito afastada dos objetivos.
Além disso, explica Eirexas, o balanço energético da planta mostra umha eficiência inferior à necessária para ser considerada valorizaçom energética. “Trata-se de eliminaçom noutra fase”, aclara. Só os interesses de Gás Natural Fenosa, parceiro da Junta em Sogama, podem explicar a obstinaçom em defender a utilizaçom de grandes quantidades de lixo para gerar eletricidade.
Compostagem do Barbança
Precisamente em Lousame está a planta de compostagem do Barbança, exemplo de um modelo diferente de gestom de resíduos. Nas instalaçons da Mancomunidade da Serra do Barbança conseguem-se as as melhores cifras de reciclagem de Galiza, com um 34 por cento e 34.000 toneladas gestionadas cada ano. Ademais, os mais de 150 postos de trabalho da planta invalidam os apelos ao emprego esgrimidos tantas vezes pelos defensores dos vertedoiros.
Em Lousame encontra-se a planta de compostagem do Barbança, exemplo de um modelo diferente de gestom de recursos
Todo isso numha planta que oferece umha cobertura comarcal, recolhendo o lixo de nove municípios e dando serviço a umha populaçom duns 80.000 habitantes, em oposiçom ao modelo centralizado de Sogama. “Os sistemas descentralizados atendem à dispersom”, explica Eirexas, que defende que deve ser possível “que o lixo nom saia do bairro” onde se gera e aposta pela reciclagem comunitária. Os sintomas do colapso do modelo Sogama venhem a dar a razom a todas as que alertárom do erro da sua posta em marcha.
As Sogamas B
Assim denominam em Adega os vertedoiros já operativos ou em projeto que tenhem por objetivo aliviar a saturaçom do macro vertedoiro da Areosa. Os principais som:
TRAÇO
O passado mês de junho a empresa promotora, González Couceiro, desistiu do projeto, para o que já tinha solicitado à Junta autorizaçom ambiental. Na paróquia de Campo estivo prevista a construçom de umha planta para a valorizaçom das cinzas produzidas na queima de resíduos em Sogama. O espaço escolhido para esta instalaçom de tratamento de escórias era a antiga canteira da Picouta e o projeto provocou um notável mal-estar na vizinhança. Com queixas polo obscurantismo com que foi levada a iniciativa, as vizinhas organizárom-se na Associaçom A Picouta e acabárom por forçar o presidente da câmara, José Dafonte (PP), a emitir em maio um comunicado em defesa de um “concelho rural e sustentável ambientalmente”. A preocupaçom gerada polo projeto foi máxima: temeu-se polas conseqüências para a saúde humana e do gado, da presença de diversos metais nas cinzas e pola hipótese de que contaminassem o ar e as águas da zona.
ORDES
Se o projeto de Traço era paralisado em junho, nessas mesmas datas solicitava autorizaçom ambiental Reciclaje Ambiental Lesta para instalar um vertedoiro de resíduos de construçom e demoliçom (RCD) no município de Ordes. Trata-se de umhas instalaçons situadas na paróquia de Lesta e pensadas para apagar mais de 80.000 toneladas anuais com umha vida útil de 20 anos. A empresa promotora já tinha tentado esta mesma iniciativa em 2012, mas fora rejeitada por afetar águas com anfíbios protegidos. As vizinhas da zona temem poda verter contaminantes à bacia do Tambre e, à espera do ditame da administraçom, a associaçom constituída para frear a planta trabalha para evitar a sua autorizaçom. A corporaçom municipal de Ordes e a Deputaçom da Corunha já se pronunciárom unanimemente em contra.
SILHEDA
Foi aberto em 2002 sem autorizaçom ambiental e em 2011 sofreu um incêndio provocado que originou umha nuvem tóxica. O vertedoiro de RCD de Campomarço, ubicado ao pé dumha mina de áridos, é o de maior capacidade deste tipo na Galiza e reanudou a sua atividade a princípios de 2016. Desde esse momento, as vizinhas da paróquia da Bandeira venhem denunciando que se depositam resíduos sem selecionar e a Asociaçom de Recicladores de Construçom e Demoliçom (Arcodega) apresentou umha denúncia perante a fiscalia por funcionar como um vertedoiro indiscriminado.
SOBRADO
As instalaçons da empresa Gestán nas Pias, Sobrado dos Monges, também tenhem sido objeto de polémica pela natureza dos resíduos lá depositados e as condiçons de isolamento dos seus vasos. A sua finalidade inicial era o tratamento de RCD, mas o vertedoiro de Sobrado recebe boa parte do lixo que nom é reciclado em Nostiám (A Corunha).