Os empreendedores som os heróis do nosso tempo. Som pessoas arrojadas, com boas ideias, capacidade inovadora e sem aversom ao risco. Nom protestam quando algumha cousa vai mal; enfrentam o problema e, com esforço e constância, conseguem superá-lo. Estas som as linhas gerais do discurso sobre os chamados empreendedores que durante os últimos anos popularizárom os grandes meios de comunicaçom e a maioria dos principais partidos políticos.
Porém, no mundo real as cousas nom parecem ser como neste American dream. Tanto fai que tenhas ideias estupendas se nom tés acesso ao crédito necessário para levá-las adiante ou se os que deveriam ser os teus clientes estám no desemprego ou a cobrar uns salários de miséria. Muitas pessoas vem-se forçadas para o autoemprego ao nom terem nengumha outra opçom de trabalhar. Quem anda este caminho tem que lidar ademais com um regime de autónomos com as quotas mais altas da UE. Estes trabalhadores já estám a explorar novos mecanismos como as cooperativas de faturaçom que lhes permitam sair adiante enquanto as mudanças na legislaçom continuam sem se produzir. A realidade tem a ver menos com as histórias de sucesso empresarial que ocupam os titulares e mais com trabalhadores com vários chefes e sem nengum direito laboral.
Por que entom este bombardeio mediático vendendo as supostas virtudes do empreendedorismo? Numha entrevista recente, Owen Jones comentava que se entendemos o paro e a precariedade como problemas sociais, a resposta também deve ser social, coletiva. Porém, se a causa destas situaçons está nos problemas individuais de cada quem, a resposta política fica neutralizada. A ilusom neoliberal di-nos que para fugir da miséria temos que ser competitivos, é dizer, ser melhores que o do lado. Todos contra todos. O patrom, o de verdade, pode dormir tranquilo.